Foto: Arquivo Pessoal
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Uma coleção de tristezas mais do que tristes ocupou tristemente as manchetes dos noticiosos nesses 10 dias em que me ausentei do Blog em pio descanso na amada São José do Barreiro.
Imagino eu que o atento leitor saiba bem do que falo – e também lamente profundamente.
Imagino também que há quem me interpele em tom conformista:
“Ora, sempre foi assim, desavisado escrevinhador!”
Sim, os jornais sempre se pautaram – e assim o é por força do ofício – por fatos trágicos e alarmantes.
Mas, reconheça, amigo leitor, a ameaça hoje parece iminente e a comprometer implacavelmente os almejados ‘dias melhores’ de um futuro que ansiávamos – nós, os antigos, da geração pós-Segunda Grande Guerra – deixar como legado.
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Há algum tempo me preocupo com esse contexto de horrores.
Lembro que, em meados de 2019, iniciei uma imersão nos textos que escrevi na virada do século para a coluna Caro Leitor já como uma vã tentativa de entender a debacle social que então vivíamos enquanto sociedade. Onde e como foi que perdemos o prumo e o rumo de uma coexistência mais harmoniosa e minimamente fraterna.
Naqueles tantos alinhavos que escrevi a reboque dos fatos no dia a dia corridos das redações, talvez encontrasse a resposta ou, quando não, indícios dos erros cometidos em nome de sei-lá-do-quê.
Não cheguei a conclusão alguma, óbvio – mas foi dessa pesquisa que veio a ideia de publicar uma coletânea que levou o título de Pela Janela do Mundo (Ou o Mundo pela janela).
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O livro foi lançado em setembro de 2019 na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, no stand da Editora Travassos.
Eis algumas questões que serviram de guia e mote para a elaboração daquele livro:
O que aconteceu com a gente, no novo e anunciado milênio, que nos fez, enquanto sociedade, tão absurdamente egoístas, violentos e odientos?
O que aconteceu com a gente que nos fez tão insensíveis ao sofrimento dos mais humildes, desvalidos e vulneráveis?
De onde vem o apreço à ignorância, à falta de ternura e o culto à truculência, à tortura e afins?
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Nos últimos dias, por motivos outros, precisei cortar a cidade de São Paulo em várias direções.
Querem saber?
Mal e mal reconheço a cidade onde nasci, cresci e vivenciei, diria, meus melhores momentos.
Diria que foi uma experiência entre a nostalgia e o desalento.
Triste, triste…
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Quando passo minhas temporadas (cada vez maiores) em São José do Barreiro, é possível ficar ao largo das mazelas deste mundão que, um dia, sabe-se lá quando, foi de meu Deus.
Reconheço, porém, que, ao voltar, o choque é bem mais dilacerante.
Põe em xeque a frase que ouvi de Guarnieri e que tomei como busca e meta para meus textos e meus dias:
“Lutar pela construção de um Brasil para todos os brasileiros”.
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Concluo com trecho do que escreveu o amigo Escova na contracapa daquele livro:
“Registro de ‘um tempo que não viu o Brasil passar’, na contundente observação do autor em uma das crônicas escolhidas para este Pela Janela do Mundo (Ou o mundo pela janela).
São 50 textos publicados na coluna Caro Leitor, entre os anos de 1996 e 2003.
Tratam de assuntos diversos – da descoberta de uma santa que viveu no Ipiranga (Madre Paulina) ao atentado de 11 de setembro, entre outros – abordados por uma narrativa do cotidiano que propõe a reflexão e, principalmente, um olhar mais alongado para os passos transformadores que fizeram o caminho na virada do século e do milênio”.
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Em tempo:
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cordavida@outlook.com.br
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