Foto: Arquivo Pessoal
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“Os gregos queriam ser sábios, queriam ser livres. E querendo ser sábios e livres, eles criaram a democracia.
Os romanos queriam ser grandes, queriam ser fortes. E querendo ser grandes e fortes. E para legitimar sua grandeza, sua fortaleza, porque ninguém domina o tempo todo pela força, eles inventaram e deram uma grande contribuição para o direito.
Os egípcios queriam ser imortais, certo? E querendo ser imortais, eles gastaram mais tempo construindo a tumba do que a casa. Mas, deram uma grande contribuição para a medicina.
Na Idade Média, as pessoas queriam ser santas. mesmo cometendo muitos pecados e atrocidades em nome da santidade...
A gente chega ao mercantilismo há 450 anos… A gente muda milhares de anos de trajetória civilizatória. E o ideal do ser é capturado pelo ideal do ter.
Então, o ser cientista, o ser filósofo virou fazer ciência, fazer fiosofia. O ser santo vira fazer igreja, fazer o dízimo, fazer fiéis.
E a gente chega à década de 60, na revolução cultural, e a relação amorosa entre duas pessoas vira fazer amor…
Numa cosmovisão em que a base de orientação é fazer e ter, há que se criar um buraco-negro para botar tanta coisa que se faz. E o que nós fizemos? Criamos esse buraco-negro. Ele se chama consumo. Você faz e consome.
Só que nós chegamos a um ponto que, ao tentar suprimir aquilo que a natureza nos limitava, a gente chega ao limite da própria natureza. E o limte da própria natureza, está dizendo: há limites para ter. O planeta nos limita.
Somos 7 bilhões de pessoas desejando infinitamente ter coisas.
Se o padrão de produção e consumo dos europeus, dos americanos e dos japoneses for universalizado, não há planeta para tudo isso.
Mas, como é que a gente vai viver se sentindo criativo, produtivo, livre em um mundo que nos limita?
Só se nós fizermos um deslocamento e introjetarmos o ideal do ser.
Porque há limites para ter, mas não há limites para ser.
Tal vez seja este o caminho.
A pergunta que se coloca é:
O que queremos ser?”
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*Depoimento da ministra do Meio-Ambiente, Marina Silva, ao canal Central Filosófica no YouTube.
Quem tiver ouvidos para ouvir que ouça…
Ou não?
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“
O que você acha?