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Nosso próprio tempo

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Acusam-me, com certa frequência, de ser por demais saudosista.

Por quase tudo que escrevo.

Pelos causos que gosto de contar e recontar nas rodas e grupos de amigos (inclua-se os do WhatsApp).

Pelas músicas que ouço – e, sobre as quais, não abro e não permito qualquer discussão.

Pelos filmes que vejo – semana passada, revi uns três ou quatro da minha coleção do Woody Allen. Adoro!

Até pelos livros que releio pleno de encantamento.

Não lhes tiro a razão

Não vejo ofensa na observação.

Nem me incomoda.

“Pouco se me dá” – diria o vô Carlito.

Só questiono a precisão da coisa toda.

E o motivo lhes confesso agora.

Também não sei definir, com precisão, o que seja saudade.

Gosto de memoriar idos e vividos tempos. O passo. As pedras. As curvas. As pessoas. O cenário. E o caminho que, aos trancos e barrancos, me trouxe até aqui.

Foi até bem divertido, diria.

Mas, de boa, não gostaria de refazê-lo.

Entrei e saí se tantas e tamanhas. Será que hoje teria a mesma leveza, o mesmo jeitão. Por vezes, inconsequente. Por outras – e na maioria das ocasiões -, pragmático e, vá lá!, sensato.

Sei não…

Lá nos primórdios do nosso Blog, arriscava algumas filosofias de almanaque e, na caradura, me punha a vasculhar o tudo e o nada da nossa vã existência.

Certa feita, ousei tolamente definir a diferença entre nostalgia e melancolia que, ocorre-me agora, são congêneres da saudade.

Escrevi que nostalgia é a doce lembrança de um tempo que se viveu – e nos é caro ainda hoje.
Do que se fez, do riso que se riu, do amor que se amou. E que – olaiá -naturalmente se esgotou
no girar das horas e do planeta.

Melancolia é diferente. É a recordação que traz em si o travo amargo do que poderia ser e não foi. Do que se fez vazio. E tome um tantinho de mágoa, outro de quase arrepender-se.

Dói lembrar, custa-se acreditar.

Não, caro e amigo leitor (ainda está por aí?), não me tome por um saudosista melancólico e/ou nostálgico tantã.

Assim é a vida.

Somos nosso próprio tempo – ensinou o Poeta dos anos 80.

“Nos conformes da sua idade, Rudi” – alertou-me o doutor que me atende, de seis em seis meses, para saber a quantas anda este meu combalido coração.

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