– Ei, menina! Você quer fazer cinema?
Vanessa Alves aceitou o cartão de um produtor chamado Antonio Polo Galante e disse que pensaria na proposta.
Ela tinha apenas 16 anos e seguiu sem dar muita bola para o inesperado convite. Não era atriz, apenas havia feito alguns comerciais e campanhas publicitárias, mas nunca havia atuado. Ao chegar em casa, contou para a mãe, dona Maria Irene, o que tinha acontecido, mas não se preocupou em ver do que se tratava. Mal sabia ela que só estava adiando um futuro inevitável.
Poucos dias depois, sua agência entrou em contato. Havia surgido um teste para um filme e os produtores se interessaram pelo seu perfil.
“A Filha de Emanuelle” (1980) era o nome da película.
Osvaldo de Oliveira era o diretor e Galante – sim, o mesmo homem que lhe entregara o cartão que ela esnobou dias antes: “Eu ir para a Boca do Lixo, na rua do Triunfo? Fazer aqueles filmecos e, ainda por cima, tirar a roupa? Eu não! Imagina, se pode…”
Era o que Vanessa pensava.
Mudou de opinião quando lhe disseram que faria apenas um pequeno papel, de coadjuvante.
Pois sim.
Por um caso do acaso, Vanessa acabou sendo a protagonista do filme.
(A atriz que estava escalada sofreu um acidente e não pode participar das gravações.)
O diretor não pensou duas vezes. Convenceu Vanessa a viver o papel principal, o da personagem Linda.
Ela própria reconhece que foi um jeito torto de entrar para o cinema.
O filme foi um sucesso de bilheteria e levou mais de 700 mil espectadores às salas de cinema.
Sua mãe, orgulhosa, espalhou por toda casa pôsteres e cartazes do filme, sem o menor constrangimento de mostrar a imagem da primogênita seminua e sensual.
A menina – que ainda era virgem na vida real – virou musa de um bando de marmanjos.
*História extraída do livro ”SUPERFÊMEAS – As mulheres que fizeram a história da pornochanchada”, apresentado como trabalho de conclusão do curso de jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo. Autores: Bianca Bellucci, Heros Macedo, Heverton Bruno, Larissa Palmer, Renata Rocha e Tamires Camargo.