Será o Vavá, o Peito de Aço?
Ou será o inesquecível Coutinho?
Talvez Tostão, engenhoso em tudo o que faz?
Pode ser Careca?
Romário, o Baixinho?
Quem sabe, não seja Ronaldo Fenômeno?
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Torcida amiga, bom dia!
Não pretendo hoje lhes falar de nenhuma dessas legendas do futebol brasileiro.
Quero, sim, reverenciar (que ando em tempo de homenagens e reverências) o nome que seria o camisa 9 da minha seleção de todos os tempos.
Ele completou 80 anos nesta terça, dia 24.
Antes preciso botar um reparo: este piracicabano ocupou o posto de maior artilheiro da Liga dos Campeões da Europa desde a temporada de 62/63 até o ano de 2014 quando o portuga bom-de-bola Cristiano Ronaldo marcou 17 gols em onze jogos.
Seu nome: João José Altafini, apelidado de Mazzola, assim mesmo com dois zês.
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Preciso botar outro reparo, antes de seguir com nossa conversa.
Não sei o motivo. Mas, insistimos, os que amam o Planeta Bola, com essa lengalenga de cotejar jogadores de épocas distintas, a deitar falação sobre o futebol de ontem e de hoje como se o esporte fosse o mesmo e a tecer análises sobre os timaços de antigamente com os esforçados times atuais. Impossível qualquer comparação. São realidades diversas, outros parâmetros, outros olhares… Tudo mudou, inclusive nós, supostos e arrogantes avaliadores.
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Entonces, como ia dizendo…
O camisa 9 da minha seleção seria Altafini Mazzola.
Óbvio que jogou no Palmeiras de 1956 a 1958 – e foi recentemente homenageado pelo CLUBE e pelo MILAN, onde também atuou. Para ser sincero, eu não o vi em ação. Só ouvia suas epopeias pelas narrações radiofônicas e, já velhusco, fui ver uma ou outra imagem dos seus jogos em vídeos e documentários.
O que dá a ele a titularidade absoluta em tão nobre escrete é, na verdade, a imaginação do garoto de cinco, seis, sete anos que, embevecido, ouvia a descrição que o pai fazia dos feitos do extraordinário Mazzola.
– Ele joga bem mesmo, pai?
– Para você ter uma ideia, filho, ele bate o corner (escanteio para o Velho Aldo era corner) e corre na área para cabecear e fazer o gol.
– Verdade, pai?
– Verdade, filho.
O pai era um brincalhão, mas encantava-me.
…
Acrescento que estávamos em um período A.P. – ou seja, antes de Pelé. O trono de Rei de Futebol era muito disputado, mas não havia um senhor absoluto. No Rio, falavam de certo Dida, camisa 10 do Flamengo. Em São Paulo, eram muitos os pleiteantes – Leônidas, Jair da Rosa Pinto, Zizinho e até o Baltazar, emérito cabeceador.
Para o pai, Mazzola iria “abafar” naquele Mundial na Suécia.
…
Não abafou.
Jogou os primeiros jogos como titular. Fez um golaço de bicicleta (mal) anulado na partida contra o team de Príncipe de Gales. Dizem que mais bonito do que o feito pelo Cristiano Ronaldo (veja a imagem no You Tube) e, em seguida, inexplicavelmente saiu do time.
Contundido? Paira alguma dúvida. Dizem que não pegou bem o Palmeiras vendê-lo para o Milan, da Itália naquele exato período da Copa de 1958.
– E agora, pai? – quis saber o garoto atônito. – Como fica o Palmeiras sem ele?
– Ora, filho, vamos contratar um time inteiro com a venda do Mazzola. Seremos campeões, pode esperar.
E assim foi…
…
O Velho Aldo sabia das coisas. Valdir, Djalma Santos, Waldemar Carabina, Aldemar e Gerado Scotto. Zequinha e Chinesinho, Julinho, Nardo, Américo Murolo e Romeiro – eis o Palmeiras supercampeão paulista de 1959, campeão da Taça do Brasil em 1960 e vice da Taça Libertadores em 1961…
Muitos desses craques inesquecíveis vieram graças ao dinheiro dos italianos por Mazzola.
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Encerro com a minha seleção (sei que ficaram curiosos): Gilmar (Castilho ou Leão, nunca me decidi pelo goleiro), Djalma Santos, Luis Pereira, Djalma Dias e Nilton Santos, Paulo Roberto Falcão, Garrincha (Julinho), Didi, Mazzola, Pelé e Canhoteiro.
Mande ofício, quem tiver coragem!
O que você acha?