A revista Veja resolveu reescrever a própria história – e, de quebra, a história do jornalismo nativo.
Circulou ontem com alentado suplemento especial que registra os 45 anos de existência e faz todas as reverências, como seu ideólogo e artífice único, a Roberto Civita, filho de Victor Civita, fundador e proprietário da Editora Abril.
Por esta versão, minimiza-se a contribuição do jornalista Mino Carta, o comandante dos primeiros tempos da Redação e, notoriamente, o responsável pela linha editorial, combativa e corajosa, de denúncias aos tempos do arbítrio e da opressão ditatorial.
Veja, até então, era uma pedra no caminho dos militares.
Sempre se soube que Mino tratava das questões editoriais da revista diretamente com Victor Civita, o pai – e só depois que a semanal já estivesse nas bancas.
O Italiano, como Mino era chamado, não admitia a interferência patronal no dia-a-dia da redação.
Aliás, recomendo – até em contraponto ao exposto pela versão oficial – a leitura dos livros ‘Castelo de Âmbar’ e ‘O Brasil’ em que o autor, o próprio Mino, faz uma detalhada descrição de como se deu a sua saída da Abril.
Para quem tem simpatia e/ou interesse pelo assunto, vale conhecer as duas versões e confrontá-las.
O bom jornalismo agradece.