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Borges, o espelho e os sonhos

Foto: Arquivo Pessoal

“Somos nossa memória,

somos este quimérico museu

de formas inconstantes,

este amontoado de

espelhos partidos…”

“De que agreste balada

da verde Inglaterra,

de que lâmina persa,

que região arcana,

das noites e dias

que o nosso ontem encerra,

veio a corça branca

com que sonhei

esta noite?”

“Que importa nossa covardia

se há na terra

um só homem valente;

que importa a tristeza

se houve no tempo alguém

que se disse feliz;

que importa

minha perdida geração,

esse vago espelho,

se teus livros

a justificam.”

“Como nos sonhos,

atrás das altas portas

não há nada,

nem sequer o vazio.

Como nos sonhos,

atrás do rosto

que nos olha

não há ninguém.”

De que apegado espelho,

de que nave dos mares

que foram a sua aventura,

surgiu este homem cinza

e grave que me impõe

o seu passado e 

a sua amargura?”

* A exasperante poesia do argentino Jorge Luis Borges (1899/1986) influenciou grandes nomes da literatura mundial. A bem da verdade, foi impactante para toda uma geração que ousou enfrentar os labirintos existencialistas de ser o que se é. Umberto Eco (1932/2016), em seu livro Em Nome da Rosa, criou o personagem Jorge de Burgos para reverenciá-lo e revelar a incontida admiração. Uma incrível coincidência: o personagem é cego. Na velhice, gradativamente Jorge Luis Borges foi perdendo a visão.

Pincei as citações de hoje no livro O Veterano de Guerra, do jornalista Rodolfo Konder (1938/2014), outro de seus admiradores.

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Borges

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