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Botando banca

Tenho um bom motivo para ficar prosa.

Meu primeiro livro, Às Margens Plácidas do Ipiranga, foi lançado em noite inesquecível – ao menos, para mim – no salão nobre do Museu do Ipiranga. Ou se preferirem o nome oficial da centenária instituição lá vai: Museu Paulista da Universidade de São Paulo.

Foi em 1997. Não foi pouca coisa não.

Compareceram umas 300 pessoas, vendemos algo em torno de 120 livros…

Enfim, foi bem legal mesmo.

Mereceu até reportagem de página inteira no Jornal da Usp.

Eu trabalhava no jornal Gazeta do Ipiranga, e convidei o então diretor do Museu, professor José Sebastião Witter, a fazer o prefácio da humilde obra.

Escreveu ele:

"Às Margens Plácidas do Ipiranga traz o vivenciar das gentes de carne e osso que povoam suas casas modestas ou suntuosas e dão um colorido especial à cidade da qual este bairro singular é parte. E uma obra que olha o mundo pela ótica dos moradores do Ipiranga. Pois foi dentro do jornal independente dessa vila da Independência que o autor foi bradando pela sua própria liberdade como escritor. Creio que conseguiu o objetivo a que se propôs e o resultado surge com esta obra. É livro de se ler de uma vez só…"

Por que lhes conto tudo isso hoje?

Ora fiquei sabendo que o Corinthians andou sondando os responsáveis pelo histórico lugar para fazer a apresentação do Imperador Adriano ao mundo da bola e ouviu um belíssimo “nem pensar”.

Hoje estava, contente da vida, contando o caso e botando uma banca para alguns amigos, quando um deles resolveu fazer uma ressalva:

— Lançar livro no Museu do Ipiranga até que não é lá tão difícil assim. Ou lá ou cá, hoje o Adriano foi apresentado à Imprensa – e não houve problemas. Tudo pronto. Tudo resolvido. Na boa mesmo, está o Dentinho que anunciou hoje o namoro com a Mulher Sambabaia. Isto, sim, é que é conquista!

Resmunguei que um assunto não tinha nada a ver com outro e cousa e lousa.

Mas, querem saber?

Ninguém estava interessado em meus queixumes.

Todos estavam de olhos vidrados no protetor de tela do notebook do fanfarrão, que escancarava a beleza da moça…

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