Fotos: Arquivo Pessoal
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23 – Vilas, andanças e devaneios
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A França
é a França
é a França e
é a França.
Por isso, repasso a vocês impressões sobre a FRANÇA, próxima parada das nossas andanças – e para meus incontroláveis devaneios.
Como diz o ensaísta alemão Walter Benjamin (1892/1940), “a maior viagem é a que se faz em busca do nosso próprio ser”.
Sigamos, pois…
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Na França existem 36 mil vilas.
Sabiam?
Andei por algumas, num roteiro pela NORMANDIA que partiu de Paris, passou por Caen (foto/e.normandie-tourisme.fr), e teve como ponto de chegada Mont Michel.
Escolha uma delas.
Um recanto qualquer desses que tenham no máximo alguns milhares de habitantes e uma igreja num centrinho histórico onde, um dia, a História se fez.
Quase sempre têm nome sonoro que termina ou começa em ville. Exemplo: Ville de Caen ou Deauville.
Descobri mais quando por lá estive…
Em comum, as comunas tem um fundador famoso.
Ele, Napoleão; o próprio, Bonaparte.
Ele as usava para montar as infalíveis estratégias de guerra.
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As villes são o celeiro da agricultura na Europa.
Via de regra, o comércio é pouco – e o grande empenho é viver da terra.
Nelas, plantações, pomares e jardins são fiéis à tradição. Todos trabalham e tratam a semeadura com o mesmo zêlo e carinho que dedicam aos pais e aos avós.
As mulheres são gentis e tem as mãos grossas com unhas esmaecidas, pois lidam com a terra.
São pessoas cultas e estão na contramão da tal modern(a)idade.
Forjam outros valores.
Lá, durante a Segunda Guerra, precisaram lutar para defender e libertar o país.
Alguém me disse:
“Eles acreditam no futuro porque vivem o presente sem medo.”
Eu acrescentei:
“Não esquecem o passado.”
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Por essa época do ano, agosto, setembro, ainda há um resquício do verão, e os aldeões se sentem felizes a andar sob o sol em um bosque de flores, batatas e vacas.
O dia anoitece pra lá das 21 horas, e lá se aprende a ver as estrelas, as mesmas estrelas, de outro ângulo,
Para o olhar estrangeiro, o céu, então, parece diferente, mas é igual.
O céu
é o céu
é o céu e
é bom caminhar
sob o céu
da França.
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Viver na França não é impossível.
Tudo o que é bom custa pouco por lá.
Os queijos, o champagne, o vinho, o azeite, os pães e especialmente a educação.
Mas, você precisa ganhar em euros, ok?
Uma coisa importante:
É um lugar que não combina com solitários.
Nunca.
Para viver na França é preciso gostar de passear de mãos dadas.
Não importa a idade que tenham, os franceses sempre estão aos pares.
Ah, os casais… Falam baixo, trocam segredos.
A impressão é que dormem cedo para ficar mais tempo a sós.
Tá bom pra vocês?
Eu, particularmente, achei convidativo…
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* Publicado originalmente em 23/01/2013
O que você acha?