‘Existimos, a que será que se destina? ’
Volto do recesso em plagas nordestinas embalado, por algum motivo inexplicável, na dolente melodia de Caetano Veloso.
Chama-se ‘Cajuína’ e é com ela, como trilha sonora, que volto ao nosso cotidiano teclar.
Então, como andam meus caros cinco ou seis leitores?
Saudosos?
Ainda estão por aí?
Os jornais sobre a minha mesa se acumulam – e o blogueiro atônito sequer sabe por onde começar.
(Sim, meus amigos, sou daqueles que ainda vasculham os jornais impressos, mas, confesso, não sei por quanto tempo…)
II.
Inevitável é a pergunta:
Qual o assunto do dia?
Posso falar de que já um mês se passou do assassinato de Marielle e pouco (quase nada) se apurou sobre a tragédia que abalou o país?
Ou sobre a ocupação que manifestantes pró-Lula fizeram ao famigerado tríplex do Guarujá. Ocupação que revelou ao mundo que, na verdade, “o imóvel luxuoso”, alardeado por aquele senhor juiz de Curitiba e pela mídia entreguista, não passa de um apartamentinho mequetrefe.
Cai o pano – e a pantomima continua.
III.
A propósito, outro tema correlato. Mesmo preso na PF de Curitiba, Lula continua a liderar as pesquisas de intenção de votos para a Presidência em 2018 – e esse fenômeno assusta aos Senhores do Poder?
Os candidatos a candidato da Tigrada se assanham com a eventual/provável ausência do nosso homem público mais popular:
O sapo-barbudo não pode estar na disputa. Não pode – e pronto.
IV.
Consta que um deles está definitivamente fora do páreo e instiga outra questão:
“Aécio pode ser preso após se tornar réu no STF? ”
Outra coisa que não entendi – e não entendo ainda – envolve o Santo, ex-governador de São Paulo, licenciado para representar o tucanato insepulto na corrida presidencial.
Por qual motivo o STF de São Paulo empurrou para a Justiça Eleitoral o inquérito que investiga o Geraldo Alckmin de envolvimento nas ‘doações de campanha’ da Odebrecht.
Coisa de 156 milhões de reais, é isso o que li?
A perguntinha básica: a lei não é igual para todos?
V.
Eis algo que une todas essas questões – e outras tantas que pipocam por aí. Quando as instituições se fragilizam, é inevitável: a democracia agoniza e o nosso Brasilzão de Meu Deus desaparece como nação.
Vivemos essa grande encruzilhada.
Será que existimos, algum dia, como a Pátria de todos os brasileiros?
Deixo hoje para vocês, meus incautos leitores, esta reflexão.
Compartilho assim meus indeléveis temores.
VI.
Acredito que, no futuro, os historiadores vão adotar o fatídico 17 de abril de 2016, quando ocorreu a patuscada do Congresso que decretou o impeachment da presidente Dilma Rousseff, como a data oficial em que se perpetrou o Golpe que obscureceu os caminhos da nossa gente mais humilde por muitos e muitos anos…
Mesmo assim, que venham, pois, os Dórias, os Bolsonaros, os Ilegítimos a temer, os Meirelles, os Alckmins, os Álvaros e os Dias…
Eles passarão.
Nós, passarinhos.
(E viva Mário Quintana!)
O que você acha?