Foto: Jô Rabelo
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Desde que se foi naquela manhã de quarta-feira ensolarada, 1o de setembro 1999, o pai tornou-se, além de imensurável saudade, uma doce e espiritualizada presença em meu dia a dia.
Não sei explicar – e nem me arvoro a tanto.
Sei que não há um dia sequer que não me sinta abençoado e agradecido pela recordação de fatos, olhares, sorrisos contidos e silêncios que, desde então, se tornaram o precioso legado de um homem humilde que soube transformar as singelas alegrias do cotidiano em valiosas conquistas.
Precisavam ver, caros leitores, a festa que fez quando conseguiu se inscrever para termos o primeiro celular, daqueles patacões antigos. Disse “termos”, assim no plural, pois o objetivo dele ao enfrentar a longa fila que se fazia diante da Telefônica (quem se lembra?) era apenas um: passar o tal telefone móvel ao neto caçula, o meu filho, – e assim monitorarmos o vaivém do rapazote em suas primeiras escapadas noturnas.
– Questão de segurança, dizia. O mundo anda muito conturbado.
Por essas e por outras mais, o Velho Aldo é personagem constante das historietas que conto aqui, em nosso Blog, e nos livros que teimo em escrever.
Para reverenciar a memória do meu saudoso e inesquecível pai, permitam-me hoje publicar aqui cinco histórias do meu eterno super-herói. Primeiro e único.
– O Último Sete de Setembro do Milênio
A trilha sonora fica por conta do apelido que o pai ostentava junto à italianada do Bar Astoria, na rua Lavapés. Era conhecido por Calabrês. Também conta, óbvio, o amor que tinha pela Itália e por se imaginar Il Padrino, embora fosse mesmo um homem generoso, de bom coração.
O que você acha?