Andei pela Redação do grupo O Estado lá pelos idos dos anos 80.
Uma amiga querida, Leila Kiyomura, era repórter do Jornal da Tarde e, gentilmente, me indicou para uns frilas, ora no próprio JT, ora na Agência Folha. Anos depois, na virada do novo século, defendi alguns trocados colaborando com reportagens especiais para o Caderno de Domingo, do histórico vespertino.
Como repórter vira-lata que fui (e desconfio sempre serei) andei por diversas redações e desconfio que, com algum conhecimento, posso lhes dizer que trabalhar no grupo O Estado é diferente.
Não estou dizendo que é melhor ou que é pior.
Repito: é diferente.
Você percebe nitidamente que aquela Casa tem história, valores, princípios.
Pode ou não concordar com os tais. Mas, existem e nos são nítidos.
Muito dessa clareza de proposta, deste compromisso com o que entende ser função e meta do jornalismo, se deve à família Mesquita e à história que construíram. Principalmente de corajosos enfrentamentos sempre que os pilares da democracia e da liberdade estiveram em risco. Foi assim no enfrentamento à Getúlio Vargas (que valeu uma intervenção governamental por cinco anos, além do exílio de toda a família). Foi assim na luta pela redemocratização do País no pós-64.
Em função deste contexto – e do momento que vivemos com a frase que Rodrigo Mesquita, disse hoje aos repórteres durante o velório do pai:
“Ele foi o último grande jornalista do século vinte.”
Faço uma ressalva, porém.
Há grandes nomes do jornalismo do século passado entre nós. Permitam-me, sem incorrer em deselegância, nomear três deles: Mino Carta, Carlos Heitor Cony e Zé Hamilton Ribeiro, que estão aí e estão na ativa, firmes e fortes.
Mas, o jornalismo de convicção, este, sim, creio, tende a desaparecer.
Lamentavelmente…