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Em nome da Poesia

Foto: Jô Rabelo

E lá estava aquela jovem senhora a ouvir Marisa Monte cantar Cantinho Escondido e, sem querer, se pôs a lembrar de um certo cantinho escondido.

Ai, ai, ai…

Então, ficou mais atenta à letra e, quando terminou a canção, surpreendeu-se.

Estava diante do espelho a conversar com aquela outra que lhe pareceu mais jovem e menos senhora do que ela própria se habituara a ver.

Entendeu que, na verdade, aquela era a sua face poeta que insistia em lhe dizer algumas boas verdades:

“Ei, moça, repare.
Dentro de cada pessoa

existe um cantinho escondido
decorado de saudade…

Um endereço que frequente sem morar e é só seu,
quase na esquina
dos Sentimentos Oblíquos
com a Alameda da Razão.

Me desculpe a intromissão.
Aliás, me desculpe por tudo.

Pelas bobagens,
pelos sonhos,
pela esperança
de que o mundo ainda
pode ser diferente…

Mesmo que tudo continue
aparentemente igual.”

  • da série ‘Brevíssimas’, miniconto originalmente escrito em maio de 2008.

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