Dou de barato a história que lhes conto hoje.
Pode ser bravata do amigo jornalista recém-chegado da Rio + 20, mas não descarto a possibilidade de que seja real.
Se non è vero è bem trovato…
Seguinte:
No pavilhão da Assessoria de Imprensa do evento que vai salvar o mundo da nefasta ação do homem contra o meio ambiente, um colega comunicador de língua hispânica (que seguramente veio ao Brasil para cobrir os trabalhos dos líderes mundiais nesta louvada cruzada) saúda o amigo brasileiro, também jornalista:
— Que bom que lhe encontrei, tenho uma dúvida atroz e conflitante…
Antes mesmo de cumprimentá-lo, o nativo se apressa em cordialmente colocar-se à disposição para todo e qualquer esclarecimento. Um mundo sustentável inequivocamente requer esse comportamento pró-ativo:
— Fale, fale. Em que posso ajudá-lo?
— Me diga, me diga, o que quer dizer: “ai, ai, ai, assim você me mata”. Na minha querida terra, onde todos os preceitos para um mundo melhor são respeitados, ninguém conseguiu entender,mesmo quem entende razoavelmente o português.
Diante do silêncio e do espanto do brazuca, o gringo insistiu:
— Quem mata quem? Ele ou ela?
— Ninguém mata ninguém, tenta tranqüilizá-lo o nosso patrício.
O visitante não se deu por vencido:
— Depois fica mais confuso ainda. “Se eu te pego, ai… Se eu te pego, ai… Na minha terra, “pegar” significa espancar, dar uns tapas… Vocês estão exaltando a violência, em âmbito planetário.
O brasileiro agora já não sabia se ria ou se chorava. Tentou explicar do jeito que lhe pareceu mais bucólico:
— Não, hermano, não. Tudo o que o cara quer é dar uma trepadinha.
Os olhos do estrangeiro se arregalaram ainda mais.
— Trepar? O que ser trepar?
Foi a vez de o nosso amigo escachar:
— Pois é o que lhe digo, meu caro. O pensador Michel Teló está mesmo a merecer uma análise mais paradigmática, sujeito aos hibridismos do mundo contemporâneo, relativizada por sérias pesquisas no âmbito socioeconômico, inclusive porque a emergência de novas camadas sociais aos bens de consumo revela essa perigosa tendência predadora de uma cultura massiva e hiperbolesca. Fui claro?
E o estranja um tanto assustado, um tanto participativo, concordou plenamente:
— É uma boa pauta, sem dúvida. Vou propor ao meu editor em Madri…