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Era uma vez… – Parte 2

Só quando os últimos grãos de areia se desprenderam da parte de cima da ampulheta – e o prazo de retorno das princesas se esgotava – foi anunciada a chegada da filha mais jovem do rei. Trajava roupas modestas, de camponesas, e contou ao pai que passara todo aquele período reclusa num convento situado pouco além da linha do horizonte, entre orações e penitências. Sob a orientação de religiosas, meditara o quê de mais valioso existe na Terra para presenteá-lo.

Ato contínuo à sua fala, tirou um pequeno pote de barro da pequena bolsa que trazia transpassada ao corpo e o entregou ao rei.

Esta era a conclusão de toda a sua meditação.

O monarca retirou a tampa cuidadosamente – e não acreditou no que viu.

Indignou-se. Como duas de suas filhas embrenharam-se em riscos e sacrifícios para lhe oferecer o melhor enquanto ela fizera tão pouco em nome do pai? Refugiara-se entre as irmãs e deixara o tempo passar sem maiores preocupações.

Reconhecido como um rei justo, porém rigoroso, decidiu castiga-la por não entender a grandeza de pertencer a família real. Pelo pouco caso que demonstrara, teria que deixar o castelo e refazer a jornada. Só retornasse quando tivesse algo verdadeiramente nobre para lhe oferecer.

Precisava dessa lição para recuperar o posto de princesa.

A mão do rei fez girar a ampulheta. Só que desta vez não haveria prazo de retorno…

O coração de pai ficou partido – mas, segundo as leis do lugar, era necessário que assim fosse.

O tempo passou lento e justo.

A perda da rainha e a decepção com a filha mais nova deixaram o soberano a cada dia mais triste. Justo ela que tanto parecia com a mãe…

Numa bela manhã depois de alguns anos, o mensageiro de um reino próximo chegou com um convite aos nobres daquele pacífico reino. Seriam as bodas de núpcias do príncipe herdeiro e muito honraria a presença de distintas famílias na cerimônia.

Triste que só ele, o rei pensou em declinar do convite. Mas as filhas – que continuavam princesas, pois ele não conseguira se definir entre um e outro presente – insistiram: era a chance que tinham para, quem sabe, arranjarem um bom casamento.

Estava mais do que na hora das moçoilas arranjarem um bom partido.

* Amanhã tem mais…