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Escova e Alicinha (IV)

À essa altura do campeonato, o velho Escova já dava como favas contadas o inevitável abate.

Questão de minutos; meia-hora, se tanto.

Logo estariam dividindo o licor e o edredon no flat ali ao lado.

Por tudo o que já vivera na área da trampolinagem, o nosso Dom Juan estava até um bocadinho surpreso.

Fora mais fácil do que imaginara…

Pois é, meus caros, como dizem pela aí, quem vê cara etc etc etc.

Alicinha, digamos, começava a recuperar a noção das coisas e de onde estava.

Sorria mesmo assim para as bobagens melosas que Escova dizia.

Precisava ganhar tempo para escapar da armadilha que se enredara – e da qual se arrependera e queria ver-se livre o mais rápido possível.

— Como vim parar aqui, perguntava-se sem pretensão de responder, só de escapar.

Estava nesse lusco-fusco, sem ação alguma, sem solução aparente, quando ouviu um choro de criança.

Um buábuábuá mais do que conhecido.

De imediato, se lembrou da filha querida.

Será que…

Não.

Não era tão trágico assim.

A menina devia estar em casa com a babá – e talvez se desse conta da ausência da mãe. Mas, não tinha certeza.

Atrás da mesa dele, um jovem casal relutava em soltar a criança, presa ao cadeirão. E cansada de estar ali, degustando pãezinhos, batatinhas e afins, enquanto os pais caíam de boca em soberba sobremesa de sorvete.

— Não pode. Não pode, dizia mãe à criança. – Você resfria fácil, fácil.

Mas, essa constatação não tranqüilizou Alicinha.

Que agora se achava a mãe mais desnaturada do mundo.

Onde já se viu? Trocar a carinha angelical de Mirna (a filha, de ano e tanto) por esse estropício? Onde estava com a cabeça…

** Continua amanhã…