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Amores

Foto: Divulgação

Amar é um dom.

Ser amado, uma bem aventurança.

Recebi tempos atrás tal mensagem num desses cartões digitais que são comuns pipocar nos grupos de whats. 

Esses que vêm ilustrados por um belo pôr do sol a nos desejar um ótimo dia, uma boa semana etc.

Agradeci.

Mas, confesso, não lhe dei a atenção devida.

Também não o achei lá a oitava maravilha literária do planeta.

Desconfio até que dias depois, por questões outras (essas toscas querelas ideológicas entre os participantes que mal se conheciam), peguei meu web_boné e caí fora do grupo.

Ninguém lamentou. Nem eles, nem eu…

Olhem a ironia…

Por um singelo (quase poético) motivo, eis que lembro do tal aforismo ontem ao bater os olhos na sensível declaração que Lima Duarte, no esplendor de seus 90 anos, fez para Maitê Proença num desses encontros virtuais que o dito novo normal, hoje, nos impõe e propicia.

Um breve esclarecimento:

O que motivou tal reencontro foi a reprise da novela O Salvador da Pátria, de Dias Gomes, em exibição no Canal Viva.

Lima (Sassá Mutema) e Maitê (a professorinha) fizeram par romântico – e, pelo que pude entender do hoje dito como havido, tiveram um teretetê pr’além da telinha.

Vida e arte. Quem imita quem?

Bonito!

A novela é de 1989.  O Brasil vivia a comoção (mais uma vez frustrada) de eleger o presidente da República depois de um longo período ditatorial.

Enfim…

Como anuncia o título, não será este o tema do post de hoje.

Falemos de amor.

Ou melhor…

Fala, Lima:

Vi você, linda, deslumbrante.

Um anjo! E pensar que foi por causa da sua juventude, quase meninice, que nós nos amamos… eu amei! Com certeza por causa da minha meia idade.

Que momentos felizes!

O Sassá Mutema chega ao ponto de entregar a vida por esse amor.

Não cheguei a esse ponto, mas te ofereci muito na minha capacidade interpretativa.

E cheguei naquela culminância por sua causa, só por sua causa… e te ver de novo, linda, não diria que te amei outra vez porque nunca deixei de te amar.

Por sua vez, a atriz respondeu no mesmo tom, emocionada.

Fala, Maitê:

Aquelas lembranças são muito especiais.

Ficaram carimbadas como as grandes coisas ficam. (…)

Você é um homem muito especial, único, não há outro com a mesma pulsação, vigor, encantamento pelas coisas.

Eu também amei você, e amo ainda.

Por tudo o que foi e tudo o que permaneceu. (…)

Era muito bom no final do dia, quando ia tirar o figurino, tinha no arco dos sapatos, você dava um jeito de escrever poemas ali.

Todos os dias tinha um poema novo. (…)

O que foi ainda é, para sempre, com muito amor!

Um haicai, mambembe,  para reverenciar o casal:

Amores vãos

Amores são

Amores

Sempre serão

Permitam-me também dedicar a eles e a todos uma canção que bem poderia ser hino e mote de um novo tempo, a rara parceria entre Milton Nascimento e Caetano Veloso, na voz de Iza e do próprio Bituca:

Que tenhamos, todos nós, o dom e nos façamos dignos de tais bem-aventuranças.

Sigamos no amor, e na fé!

2 Responses
  • Vanderley Leite
    27, abril, 2021

    YES!!! ❤

  • VERONICA PATRICIA ARAVENA CORTES
    27, abril, 2021

    Muito bom!

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