No país que exporta Michel Teló pode parecer uma heresia lembrar que hoje – 30 de janeiro – completa-se o centenário de nascimento do cantor/compositor Herivelto Martins.
Antes de continuar reverenciando vida e obra de Herivelto, deixo claro que não tenho qualquer restrição ao brega-pagode-sertanejo forrozado de Teló e similares.
É sucesso no mundo todo e tal. Ou seja, deve ter um perequetê qualquer que eu, na virada dos 60, modestamente não consegui entender.
Nem pretendo.
Gostaria, sim, de entender o motivo que leva este Brasilzão de meu Deus deixar passar em brancas nuvens uma data tão relevante.
Versos e canções de Herivelto e seus parceiros embalaram um rico momento da história brasileira. “Ave Maria no Morro”, “Caminhemos”, “A Camisola do Dia”, “Carlos Gardel”, “Covarde”, “Atiraste Uma Pedra”, “Cabelos Brancos” são alguns dos títulos que marcaram as décadas de 40 e 50, a chamada Era de Ouro do rádio.
Há coisa de dois anos, e por breves semanas, a obra e a vida de Herivelto voltaram a ocupar espaço na mídia. A Globo levou ao ar a minissérie “Dalva e Herivelto”, mostrando um pouco do glamour daquela época e, sobretudo, o explosivo relacionamento amoroso entre a cantora e o compositor.
Adriana Estevez e Fábio Assunção foram os protagonistas, com notáveis interpretações.
Por um momento, imaginei que teríamos um revival daquelas canções – até pelas fortes emoções que propiciava o entrecho da trama.
Ledo engano, deste tolo escriba.
Se não me engano, o hit da vez, o tal do Reboletions – lembram? – passou como um trator por cima de toda e qualquer proposta de recuperação do romantismo de outrora.
Vida que segue…