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Marceleza, Rita e o vacilão…

— Você, hein, meu querido! Que boca bendita, rapaz…

Depois de certa idade, a gente até estranha quando alguém não lhe chama de senhor. Pela proximidade, porém, logo percebo que toda aquela gritaria é comigo embora há alguns bons anos não seja mais um rapaz por força de outro obstinado senhor chamado Tempo.

Entre incrédulo e feliz, reconheço o meu inesperado interlocutor.

É o Marceleza, amigo que, custa a aparecer, mas quando aparece sempre me surpreende.

II.

Desta vez, o carioca de Caraguatatuba (explico: nasceu no Litoral Norte, mas viveu um bom tempo no Rio) se diz um leitor atento das bobagens que escrevo.

Custo a acreditar.

Para provar o que diz, ele assegura que o motivo da ponderação acima é o comentário (ou a falta de) que fiz sobre a despedida de Rita Lee dos palcos, dias antes da cantora se apresentar em Sergipe, no tal espetáculo que a levou à delegacia.

“Não disse nada de mais”, justifico.

“Disse apenas que há tempos não vou a shows – da Rita, então, faz décadas”.

— Meu querido, nem vem de garfo que hoje é dia de sopa. Quem te conhece que te compre. Com esse desinteresse todo você azarou o adeus da titia roqueira.

III.

Não sei de onde o Marceleza tirou essa conclusão, um tanto lúdica, outro tanto mística.

Tento explicar que uma coisa nada tem a ver com a outra.

Só não tenho mais a pachorra de assistir aos espetáculos musicais. Até porque durante vinte e tanto anos era que mais fazia na vida, visto que escrevia duas ou três reportagens por semana sobre os cantores/compositores que se apresentavam em Sampa.

“Hoje a única pressa que tenho, amigo, é de voltar para casa”, justifico.

IV.

Não sei se o convenci.

Quando o Marceleza cisma, sai de baixo.

Seja como for, ele tem sempre uma boa sacada para derrubar qualquer argumento.

Não demora – e vem o xeque-mate, bem na base da provocação.

— Que pena, Peixe. Estou com uns ingressos sobrando para o show que o grande Chico Buarque faz em março, em São Paulo. Sabe, aquele show que está com a lotação esgotada desde o final do ano passado, pois é… eu queria presenteá-lo. Como você disse que não está nem aí para esses eventos, vou ter de convidar aquela sua sobrinha que, diga-se passagem, é mó piteuzinho. Vacilou, cumpadi…

V.

Ah!, se arrependimento matasse.

Mesmo assim, ainda resta uma esperança, meus caros.

Mal sabe o Marceleza que a moça só gosta de Luan Santana, Michel Teló e que tais…