“As pessoas que conseguem se iludir
parecem ser mais felizes do que
aquelas que não se iludem.”
I.
O cineasta Woody Allen deu entrevista ao jornalista Dave Itzkoft, do The New York Time.
Trechos dessa conversa foram publicados no sábado em O Estado de S.Paulo.
Woody falou sobre o novo filme (a ser lançado em dezembro no Brasil) “Você Vai Encontrar o Homem da Sua Vida”. Tem como entrecho a vida de uma pacata dona de casa que, após consultar uma esotérica, passa a ter uma vida, no mínimo, mais interessante.
O cineasta é cético diante dos tais mistérios sobrenaturais.
Para ele, não há diferença entre o que dizem as videntes, os desígnios do biscoito da sorte e as religiões organizadas.
Mas, ao jornalista, ele faz a ressalva:
“Precisamos de alguma
ilusão para continuar
funcionando.”
Faz sentido.
II.
A bem da verdade, desconfio que é exatamente esse sentimento que move a todos os autores – inclusive o próprio cineasta e, por que não?, até este modesto blogueiro, na árdua missão de enfileirar letrinhas, uma após outra, após outra…
Lembro que, certo dia, a amiga Vanessa disse mais ou menos o seguinte sobre os meus modestos textos:
“Não sei se as histórias do Rodolfo são verdadeiras. Não sei se ele as viveu ou apenas imaginou que as tenha vivido. Fico na dúvida nos dois casos. Se ele realmente viveu tudo o que escreve, resta sempre a impressão, tal sua empolgação e os detalhes mirabolantes, que há um tom de invenção em tudo o que diz ou escreve. Por outro lado, se as tais narrativas são pura invencionice, é inegável que ele acredita seja real tudo o que escreve a ponto de parecer verdadeiro até ao mais descrente dos mortais.”
Resumo da ópera: de ilusão também se vive…
* FOTO NO BLOG: Camila Bevilacqua