IV.
Há que se reconhecer.
A política nunca foi o forte de Jacob Meyer Filho.
Era uma figuraça, um tanto alheia à vida real.
Gente boníssima.
Vestia-se de ternos claros, gravatas floridas.
Depois que se aposentou, adotou um chapelão de panamá, como marca registrada.
Aliás, o chapelão trouxe de uma das muitas pescarias que gostava de fazer no Pantanal.
Em certa ocasião, para provar que era verdade as histórias de pescador que gostava de contar, enviou a um empresário do Ipiranga um presente, no melhor estilo Já-Já: uma caixa de isopor – devia medir quase dois metros – com um gigantesco dourado congelado lá dentro.
Ninguém acreditou quando chegou o aviso dos Correios para que a ‘encomenda’ para o Sr. Tal fosse retirada com urgência, pois a agência não possuía freezer.
Imaginem a cena.
Naquela tarde, os quase 50 funcionários da empresa saíram felizes da vida, carregando, cada qual, a sua parte.
Quando voltou do Pantanal e soube dos transtornos que seu peixe causou, Jacob riu a valer e saiu perguntando a todos os funcionários, um por um, se gostaram do presente.
Foi logo avisando:
— Mês que vem tem mais….
V.
Outra paixão de Já-Já era a música. Mais propriamente a seresta.
Onde ia, se lhe dessem chance, o homem soltava o vozeirão, à la Nélson Gonçalves.
Sua música preferida: “Cabocla”.
Conta-se que, uma noite, Jacob extrapolou em plena solenidade de posse da nova diretoria da Distrital do Ipiranga da Associação Comercial de São Paulo. Os novos empossados alternavam-se em discursar para a platéia respeitosa. A cada intervalo, um pianista fazia um sarau com músicas ambientes, apropriadas para a ocasião.
Dizem que, num dado instante, Jacob aproveitou a pausa, deu uma gorda gorjeta para que o pianista o acompanhasse no velho hit da música popular brasileira.
Para espanto de todos os presentes, foram oito ou nove interpretações seguidas até que cantor e músico decidissem parar com a cantoria.
Há quem diga que Já-Já esperava um bis.
A platéia, porém, se deu por aliviada quando ele parou de contar.
É o que dizem.
Mas, isso, creio, pode ser maldade da oposição, os não-janistas.
* Amanhã tem mais…