Júlio Iglesias completou ontem – 23 de setembro – 71 anos.
Cantou em São Paulo no sábado, dia 20. Fará show dia 26 (sexta) no Rio de Janeiro.
O cantor adora o Brasil e, recentemente, em entrevista ao repórter Jotabê Medeiros, de O Estado de S. Paulo, cravou esta pérola de bom-humor:
“Acho que vou à Bahia (comemorar a data), tenho uma namorada de 73 anos lá, ela canta para mim Mal Acostumado e a gente se diverte”.
Não sou fã de Iglesias.
Ao contrário de alguns amigos que elegeram seus hits como trilha sonora para tórridas paixões.
Não, não insistam que não declinarei os nomes do Almir, nem do Escova porque não quero dedurar ninguém, e não se fala mais nisso.
No entanto, reconheço no cantante, como diria o Faustão, uma grande figura humana.
Suas entrevistas são sempre pontuadas pela simpatia e até para certo despojamento, raro em astros e estrelas do naipe de Iglesias.
Lembro sempre – até como causo que ilustra minhas conversas – as entrevistas que concedeu a Glória Maria e à Marília Gabriela lá nos antigamente. As duas – em dias diferentes, claro – não conseguiam se segurar diante dos elegantes xavecos que o cantor introduzia diante das respostas a cada pergunta.
Não sei bem qual das duas, ousou perguntar como estava sua vida sentimental. Se era casado, enrolado e coisa e tal… Iglesias me saiu com esta fina especiaria da sedução.
— Ora, ora, sou apenas um homem só.
Que cascata!
Elas se derreteram.
II.
Também em tempos idos, fui escalado para cobrir, como repórter, um de seus shows em São Paulo; no Olympia, se não me engano. Tentei convencer o Alceu (ou Alfeu, nunca soube ao certo o nome do editor) que não era o cara mais adequado, escrevia sobre MPB, não tinha a menor condição de escrever sobre aquele chatonildo.
Eu era jovem – e inconseqüente, como podem notar. Mas, não era burro de por meu emprego em risco. O silêncio do Alceu (ou Alfeu) me foi suficiente para saber qual seria o teor da resposta.
Fui ao show – e desacreditei.
O cara entrou no palco, num impecável terno preto, disse boa noite e se pôs a enfileirar uma canção após outra, sem sequer levantar a cabeça. Agradecia aos aplausos com um leve curvar de tronco e seguia o repertório.
A plateia me pareceu em êxtase. Parecia estar em uma celebração a saborear os versos e compartilhar os sentimentos que estes exprimiam. Era mesmo uma celebração.
Trabalhei muitos anos nessa área, assisti a centenas de shows dos mais variados artistas, mas vou lhes dizer nunca vi nada assim.
Vai ser carismático assim lá na Bahia com a namorada de 73 anos que lhe canta Mal Acostumado…