Amigos me contam que o fogo na Serra da Bocaina, depois de cinco, seis dias de inclemente queimada, está debelado.
O estrago, no entanto, foi considerável. Não sabem mensurar. Pegou mais a região de Bananal do que a da nossa querida São José do Barreiro, ambas cidades ao pé da reserva do Parque Nacional da Bocaina
Queriam enviar imagens do que restou, mas declinei de vê-las.
– Foi um extraordinário susto. Uma tristeza imensa.
Eles dizem – e eu respondo:
– Por isso mesmo, o que os olhos não veem, neste caso, o coração sofre um tantinho menos.
(…)
Tenho motivos pessoais, familiares e afetivos que me ligam à pequena e bela Barreiro. É para lá que escorrego sempre que a roda-viva da metrópole me abala e esgota. Por vezes, volto lá apenas para rever parentes e amigos e olhar as montanhas. “O mar de montanhas”, como definiu o repórter-fotográfico Robson Fernandjes quando deu de cara com aquele incrível cenário a quase 300 quilômetros de São Paulo, na divisa dos estados de São Paulo, Rio e Minas, entre as também lindíssimas serras da Cantareira e do Mar.
Lá fomos eu e o Robson fazer uma reportagem sobre a trilha do ouro e nos enfiamos na mata por quatro dias, junto com um pessoal da USP e alguns trilheiros, para fazer uma reportagem sobre o ecoturismo e as belezas do lugar. Trabalhávamos no Jornal da Tarde e o Odir Cunha, editor do Caderno de Domingo do Jornal da Tarde, nos passou essa inesquecível tarefa.
Uma aventura e tanto para os meus, à época, os quase 50 anos.
(…)
Ainda hoje, sempre que aparece a oportunidade, lembro, aos meus alunos, essas andanças pela Serra da Bocaina, com muito carinho e, confesso, alguma fantasia.
Eles talvez me imaginem um esbaforido Indiana Jones a cortar rios e montanhas até Angra dos Reis, onde, nos tempos do Brasil Colônia, os navios esperavam para recolher o ouro que vinha, em lombo de mulas, das Minas Gerais.
A reportagem:
Serra da Bocaina, nas trilhas de um velho paraíso.
(* Foto da rampa do voo livre/arquivo pessoal)
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