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Lewis e Silvino

Tarde chuvosa de domingo. Fria. Nem o futebol de Neymar pela TV salva. E, olhe que o futebol ainda é das raras coisas que me emocionam.

Vício danada – ou quase isso -, checo no celular as últimas do domingo e, lá estava, na home do Uol, a notícia da morte de Jerry Lewis, aos 91 anos.

De imediato, sou tomado pela sensação do efêmero. Sensação que sempre me invade quando leio notícias assim. Sensação que se expressa no verso de uma antiga canção que pouco – ou quase nenhum – sucesso fez – mas que me é inesquecível:

“O tempo que não para no porto, não apita na curva, não espera ninguém. ”

(…)

Leio, no texto, que Lewis está entre os inesquecíveis comediantes da história do cinema de todos os tempos.

Na singeleza das minhas lembranças, nunca havia atinado para o fato.

Para mim, sempre foi o dono das tardes de domingo, tardes encantadas em que os garotos da turma da Muniz de Souza – e de todas as tribos do Cambuci e redondezas – se encontravam nas matinês do Cine Riviera para o que desse e viesse.

A bem da verdade, muito pouco – ou quase nada – acontecia. De extraordinário mesmo, só as gags do bagunceiro arrumadinho, do professor aloprado, do mensageiro trapalhão e de outros impagáveis personagens que Lewis criou e deu vida.

Ao longo da semana, incorporávamos algumas das suas piadas e nos sentíamos, assim, quase geniais.

(…)

Claro que me engano, mas sinceramente não me lembro de um domingo chuvoso e arrastado como este.

Não tínhamos tempo para tristezas. Talvez fosse isso.

Havia, sim, a certeza de que, assim como nos filmes de Lewis, no final teríamos todos um final feliz.

(…)

Mesmo com atraso, registro aqui meus sentimentos pelo passamento, ainda na semana que passou, de outro grande humorista, Paulo Silvino. O homem dos mil e um bordões que tantas alegrias nos deu.

A Terra ficou um tantão mais chocha, carrancuda.

Já os Céus…

Imagine a cena: os dois diante de São Pedro. As caretas do “mensageiro trapalhão” junto ao ‘cara, crachá, cara, cara, crachá’ de Silvino.

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