O ex-goleiro Marcos não sabia explicar bem o porquê fora parar ali, no vestiário do Palmeiras às vésperas de um grande jogo do Campeonato Brasileiro;
A força do hábito, imaginou.
Afinal, esta foi sua rotina durante quase 20 anos: defender a meta do clube do coração, com empenho e, por vezes, tantos e tamanhos sacrifícios.
A novidade foi a conversa que teve com o técnico Luiz Felipe Scolari.
Bruno, o goleiro titular, havia tido um problema qualquer – e não poderia entrar em campo. Deola, o reserva imediato, se transferira para o Vitória e os demais goleiros, embora de promissor futuro, eram bem jovens.
Felipão foi objetivo, como sempre.
“Marcão vamos precisar de você. Bota a farda que você vai para o jogo.”
O goleirão relutou. Está parado desde o final do ano passado. Aposentou-se em janeiro e nunca mais sequer “brincou” de jogar no gol. “Meu joelho está que é osso com osso. As dores tiram qualquer prazer de bater uma bola.”
O técnico, que depositou plena confiança no jogador na seleção pentacampeão mundial em 2002, insistiu:
— Os garotos são bons, mas não quero queimá-los. Vamos lá, Marcão!
— Mas, professor, eu já estou fora do futebol…
— Marcão, você nunca foi de refugar desafio. Não será agora que vai me deixar na mão, vai?
— Tá bom, professor. Me dá as luvas…
II.
Esta cena incrível não se deu no mundo real.
(Diria até que para tristeza de muitos palmeirenses e amantes do Planeta Bola.)
Mas, sim, em uma das recentes noites de sono do goleio Marcos.
Pois é, o maluco-beleza sonhou que estava prestes a entrar em campo, como nos velhos e bons tempos.
Ele a revelou na noite de ontem, durante o programa Mesa Redonda –Futebol Debate, da TV Gazeta, onde compareceu ao lado do jornalista Mauro Betting para divulgar o best-seller “Nunca Fui Santo”; livro que narra sua trajetória nos gramados e fora deles.
Foram mais de duas horas de papo descontraído e agradável.
Desnecessário dizer, mas digo: Marcos é mesmo uma figuraça.
III.
A certa altura do programa, um telespectador enviou uma pergunta para o goleiro respondesse: “para quem ele vai torcer na final do Mundial interclubes. Chelsea ou Corinthians?”
Em tom de piada, Marcos disse que não poderia emitir sua opinião sobre o assunto.
O comandante do programa, Flávio Prado, quis esnucá-lo. Como assim, não pode responder por quê?
— É que agora sou relações públicas, não posso ficar mal com as partes.
Também no embalo das brincadeiras, Flávio perseverou:
— Mas, e aquela história de que o Corinthians é o Brasil?
Marcão foi ágil na resposta.
— Flávio, Corinthians é Corinthians. São Paulo é São Paulo. Palmeiras é Palmeiras. Essa história de que é o Brasil só existe para o Galvão Bueno.
IV.
Parabéns ao pessoal da Gazeta, pelo belo programa!
Ao Marcão, aquele abraço e, assim que encontrar o livro (está esgotado na praça), vou querer um autógrafo…