Alguns dos meus amáveis cinco ou seis leitores chamam minha atenção: nas últimas semanas, dizem, este humilde espaço virou “o Blog de um assunto só”.
Todos dias, este escrevinhador de araque, sem eira, nem beira, se põe a tergiversar sobe os desdobramentos da crise política e institucional que abala o país.
E detalham:
Sumiram as amenidades cotidianas que embalavam nossas conversas em forma de causos, historietas e, vá lá, até de breves contos romanceados.
Sumiram os relatos de viagem, as indicações de programas culturais e as sugestões de leituras.
Não que lhes façam falta essas dicas; mas, olhem só o que me mais disseram:
Que sumiram os papos com o Escova.
E que sumiu o próprio Escova.
II.
Sinceramente, meus caros, é triste lhes dizer, mas digo: não sei onde anda o Escova e adoraria tê-lo por perto para aquela conversinha fiada e aquela horinha de descuido, tão necessária para dias como os atuais.
Para lhes ser ainda mais sincero, ontem mesmo pensei em escrever algo sobre o amigo a partir de uma canção que ouvi no rádio. “Lua de São Jorge”, de e com Caetano Veloso.
Só não encontrei o amigo para resgatar os detalhes da história. Creio que posso, mesmo sem autorização do próprio, fazer um breve resumo do que aconteceu naqueles idos tempos da velha redação de piso assoalhado e grandes janelões para a rua Bom Pastor.
III.
Vou tentar resumi-la :
Escova, o dom Juan das Quebradas do Mundaréu, arranjou uma namorada chamada Lucia. Era jovem, loirinha, super graciosa. O nome do pai da moça era Jorge e o Escova, apaixonado que só, encasquetou que uma coincidência cósmica unia os versos de Caetano ao desvario do seu romance.
Para ele, o baiano cantava:
“Lucia do Seu Jorge, Lucia maravilha
Mãe, irmã e filha de todo o esplendor…”
E por aí iam os versos da canção.
Foi um perereco convencê-lo que a versão correta não era essa. Mesmo assim, e durante um bom tempo, insistia em cantar a versão adaptada que ele mesmo fizera.
Quem trabalhou naqueles anos ao lado do Escova, tenho certeza, não consegue ouvir a música sem recordar das palhaçadas do amigo.
IV.
Mas, por falar em Caetano Veloso, uma informação urgente: o artista participou da gravação do programa de Serginho Groisman (que vai ao ar neste sábado) e deu sua opinião sobre os recentes fatos políticos:
Para ele, a manifestação (do dia 13 de março) “não é suficientemente diferente daquela que levou o País ao Golpe de 1964”.
“Precisamos ter calma para olhar os acontecimentos. Agora não temos uma ditadura, mas o Brasil é muito desigual. E toda manifestação, por tentar sair disso, enfrenta a oposição da elite.”
V.
Ops…
Não é para enveredar por este assunto, mas agora já foi.