Estou no posto do INSS da cidade onde moro. A impávida São Bernardo do Campo.
Venho em busca de um “resíduo de benefício” a que tenho direito e que está encalacrado há algum tempo em um desses escaninhos virtuais da instituição.
Aviso logo aos meus credores: não é nada grande coisa, não. Mas, em tempos TEMERosos como os que hoje vivemos, um troquinho a mais é sempre bom. Seja para a picanha do fim de semana ou mesmo para disfarçar o ‘franguinho’ nosso de cada dia.
Mas, não é este devaneio gastronômico o assunto do dia. O que me impressiona, por aqui, é o tanto de gente que se enfileira à frente do guichê que orienta na contagem do tempo de serviço para aposentadoria.
O saco de maldades do novo/velho (des)governo faz com que a turma que anda aí pelos limites de idade e/ou de tempo de serviço coloque as barbas de molho e saísse em busca “dos direitos adquiridos”.
Não preciso lhes dizer, mas digo que a roda (em que logo me incluo como ouvinte e de olho no conteúdo do post de hoje) é toda ela formada por metalúrgicos das indústrias da região (que não vive lá um grande momento).
Óbvio que mais cedo ou mais tarde a conversa recairia sobre o “companheiro” Lula.
– O homem está que é uma tristeza só, disse um com semblante preocupado.
– Acho que é depressão, emendou outro.
– Será que a doença…
– Bate na madeira três vezes, irmão. Isola. Vira essa boca pra lá, indignou-se um terceiro que, pelo tom de voz e pelas palavras, parece ser mais próximo do ex-presidente.
E continuou:
– Ele está triste demais com toda essa armação.
Os caras não vão sossegar enquanto não o enquadrarem, ouso palpitar.
O pessoal me olha com desconfiança.
Justifico como posso, mas com sinceridade:
– Se for candidato em 2018, ele vai dar trabalho. Ainda hoje, como toda essa campanha difamatória, aparece entre os favoritos em todas as pesquisas.
– O Brasil não é só o pessoal da FIESP ou o eleitor de São Paulo – retruca o que parece ser o amigo do Lula.
Serra, Alckmin, Aécio, Marina, Bolsonaro. Se bobear até o Maluf sai candidato.
Alguém lembra que o que não vai faltar em 2018 é candidato.
Em meio à conversa, ouve-se a voz frágil de um senhor miúdo que até então nada dissera:
– E quem lhes garante que haverá eleição em 2018.
E concluiu sério, contundente:
– No Brasil de hoje, tudo é possível…
*** Enquanto isso, Lula conversava ontem com a imprensa estrangeira. Um trecho de sua fala: "Eu vi aquilo ruir, desmoronar. "Eu não queria estar naquele ato, eu não queria estar naquela foto, porque penso que foi uma sangria, e foi quase que um estupro feito na democracia brasileira que permitiu que a presidenta Dilma deixasse a Presidência antes de terminar o seu mandato".