Foto: Arquivo Pessoal
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Eis a praça da matriz de São José de Barreiro, no fundão do Vale do Paraíba, São Paulo, quase na divisa do nosso estado com Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Então…
É desta acolhedora cidade que Carlos Artúlio (o Ator), Felisberto (o Filósofo) e o jornalista Pedro Paulo (o Italiano) partem para aventuras e divagações existenciais pelos sinuosos caminhos, montanha acima, da Serra da Bocaina.
Um verde cenário por tudo e em tudo inspirador.
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Estava em Barreiro quando comecei a escrever O que o Tempo leva…
Quase uma brincadeira.
Idos de 1998 e 99, fim de ano, um verão daqueles de rachar moleira.
Havia comprado um notebook, novidade à época.
Então, imaginem: um jornalista das antigas como eu (do tempo do bico de pena e tinteiro… ops, nem tanto, nem tanto… sou do tempo da máquina de escrever, com honra e um bom naco de nostalgia) queria apenas me exercitar na engenhoca para não fazer feio entre os meus quando voltasse à lida em São Paulo.
Aproveitei esses quase 30 dias para treinar e posar de romancista.
Enfim…
Vida que segue.
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De volta ao pega_e_esfrega da vida cotidiana, porém, as ilusões se dissiparam. Voltei a batalhar burocrata e feericamente o pão nosso de cada dia na Universidade, nas redações e por onde me chamassem e dessem espaço.
Esqueci por completo do projetinho.
Aquele notebook até que me foi de boa serventia, mas, por força e obra do destino, virou peça de museu.
(Está perdido em algum canto do armário da bagunça – e, óbvio, não funciona nem com reza brava.)
Só fui me lembrar do romance inacabado quando, ao procurar algo para fazer no bendito isolamento social, obriguei-me a dar uma geral nos meus guardados.
Que boa surpresa que tive ao dar de cara com a amarfanhada pasta e, dentro dela, dezenas de folhas amarelecidas pelo tempo e pelo meu inglório descaso.
Confesso.
Custei um tanto a reconhecer ali as anotações dos primeiros capítulos do livro que sonhava escrever.
Papo sério.
Havia até uma esquematização tosca, provavelmente a base do roteiro.
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Deste encontro, e ainda no embalo do isolamento e da pandemia, fiquei ruminando a ideia de resgatar a narrativa em forma de folhetim, como bem preza a bela tradição do jornalismo brazuca, e publicá-la em capítulos no Blog e depois, quem sabe?, vê-la impressa.
Simples assim, meus caros.
Nem tanto. Deu um trabalhão. Mas, adorei fazer.
Até porque a história e os personagens foram se encorpando a partir da repercussão que meus amáveis (e admiráveis) leitores me deram no correr dos dias e dos capítulos.
Diria que o mais complicado de todo o processo foi…
Eu lhes conto:
Foi a escolha do título.
Mas, isso é uma outra história que não dá um romance – mas eu prometo contá-la amanhã.
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O que você acha?