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Ontem, hoje e a canção da Lua

Foto: Instagram

No embalo da colaboração do leitores (a sugerir lindas canções que têm o TEMPO como tema), sinto-me obrigado a citar uma das minhas inesquecíveis.

A Lua e Eu, do incrível Cassiano (1945/2021).

Penso que junto à Primavera, do mesmo Cassiano que Tim Maia tornou sucesso, A Lua e Eu é imprescindível em toda e qualquer antologia musical que trate da soul-music tupiniquim.

Para mim, a obra tem aspectos especialíssimos a fundir o ontem e o amanhã.

Explico.

À época em que a música foi lançada como parte da trilha sonora da novela O Grito (Globo/1975), este amarfanhado escriba caminhava errante na faixa dos vinte e poucos anos.

Ao ouvir versos tão doridos e sinceros, imaginava o futuro quando ele próprio batesse na faixa etária do autor/intéprete.

Como seria?

O que levaria um homem tido, havido e já vivido a enfrentar-se com tanta crueza diante do espelho e de si mesmo?

Seria possível amar tanto assim?

O que se sente diante do espectro do que se foi um dia?

Essas inquietações o deixavam previamente triste com a possibilidade de alguém passar pela vida no rastro de um grande amor que se transformara num enorme – e irreparável – equívoco.

Mal sabia o dito rapaz que Cassiano estava pela casa dos 30 anos.

Quatro ou cinco anos mais velho que ele, portanto.

E que, de forma mágica , era o ‘eu lírico’ do artista que o permitia se enveredar por versos poéticos e exasperantes.

Olaiá

Ao escutar a canção hoje – e digo logo que adoro ouví-la – acontece-me justamente o contrário.

Retomo o passado que, parece, não passou.

Foi ontem – e lá se vão quase 50 anos.

As inquietações permancecem.

E a canção se faz ainda mais presente.

O refinado arranjo propõe um sedutor jogo melódico entre metais, violinos e a base sonora – guitarra, baixo e percussão – que se completa com a inconfundível interpretação do próprio Cassiano – no meu entender, o ponto alto de uma carreira irregular, mas única dentro da MPB.

A Lua e Eu tinha que constar dessa lista. Inevitável.

Como inevitável é resgatar os sonhos pueris daquele jovem cabeludo – um quase jornalista – que acreditava no poder transformador da arte.

Enfim…

Poesia e canção ainda dizem por mim. Falam por nós.

Ouçamos!

Ainda nenhum comentário.

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