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Parte 2 – Escova e a policial

VII.

Acreditem se quiserem…

A Doutora Delegada não tinha mais do que 30 anos, nem isso.

Era linda.

Mais do que linda.

Era tudo o que ele sempre sonhou em seus mais enlevados devaneios.

Com o que Escova era assim.

Todo dia era dia de encontrar a mulher da sua vida – tantas quantas por ele passassem e ele se engraçasse.

Por que não em um Distrito Policial?

VIII.

— O que temos hoje para começar o plantão? – disse a delega, com certo fastio.

O jornalista ficou ainda mais embevecido.

Nunca imaginou que a voz de uma autoridade tornar-se-ia música para seus ouvidos.

Temeu pelo pior, no entanto.

Que o seu caso fosse o primeiro a ser chamado.

E foi.

IX.

Ao se ajeitar na cadeira em frente a ela, teve – o que chamou depois para nós, na redação de – a antevisão do paraíso. A Doutora virara para guardar a arma que tirou da bolsa em um armário, a blusa subiu um tantinho eduas pequenas estrelas surgiram, lúdicas e inspiradoras, tatuadas logo acima do cós da calça.

Fechou os olhos para melhor memorizar a cena.

Sorriu ao lembrar que os xerifões do Velho Oeste usavam uma estrela espetada no colete à altura do peito para identificá-los como agentes da Lei.

Humilde e resignado, sentindo-se um privilegiado, agradeceu a mudança dos tempos e dos hábitos.

“Bendita nota de cinquenta”, murmurou baixinho.

X.

— O que o senhor disse?

Odiou que ela o tenha chamado de “senhor”. Mas, desconsiderou. Resolveu enfrentar a bela que parecia ser também uma fera.

— Eu sou inocente. Foi apenas um descuido, eu esqueci que…

O policial, causador da encrenca, nem deixou que ele concluísse e passou a narrar a sua versão do ocorrido.

Enquanto ouvia o depoimento do figura, Escova pensou que seria o próximo a ser chamado para dar o outro lado da história. Poderia contar a ela como foi cansativo o dia, o quanto trabalhara pesado. Não, não. Seria legal deixar claro que era apenas um homem só. Que gostava de cinema, teatro, viajar de quando em quando. Adorava música. Um romântico inveterado. Inclusive estava ouvindo um CD do Júlio Iglesias quando o amigo policial fez com que parasse o carro – um carro novo, diga-se – para verificar os documentos e…

XI.

— O senhor pode ir. Tiramos sua ficha, verificamos os documentos. Vou acreditar que foi mesmo apenas um descuido.

(Ela tinha um tom firme e despachado, mas doce, doce…)

— É que eu…

(Vã e inútil tentativa do homem com o coração dilacerado pela súbita paixão.)

— Como disse, o senhor está dispensado. Mas que tal fato não se repita novamente.

Falou a instigante voz da Lei, era melhor obedecer.

Mas, jurou para si mesmo:

“Um dia eu volto!”

Só lhe aborrecia o fato de ela insistir em chamá-lo de senhor:

— O “Senhor” está no céu, dona…