Foto: Divulgação
…
Patito era tido e havido como o maior conhecedor de cachaça de toda a região do Triângulo Mineiro e aquelas beiras de Goiás.
Sua fama era regional, mas o paladar de Patito era capaz de reconhecer, à primeira golada, a origem da bebida mesmo que fosse dos mais longínquos confins do rincão nacional.
Impressionante!
Cachaceiro-mor, arregalava os olhos, estalava os beiços a se exibir
– Essa é do Piauí.
– Essa é mineira, uai!
– Oxente, essa é do sertão de Pernambuco.
– Essa é a Tatuzinho, de Piracicaba, interior de São Paulo. Quer que eu cante a musiquinha da propaganda?
“Ai tatu, tatuzinho… Me abre a garrafa e me dá um pouquinho. Miam, miam, miam, miam”.
…
O cara era mesmo uma fera,
Porém – e sempre existe um porém -, vaidoso que só, já estava ficando metido a besta com todo esse conhecimento.
Logo, começaram as rusgas com os próprios amigos. Que, para dar uma lição em Patito, encheram de água uma garrafa, colocaram um rótulo falso e desafiaram o sommelier de araque a descobrir de onde vinha a ‘marvada’.
Uma dinheirama em jogo.Topa?
– Mas, só se for agora, disse Patito.
…
Deu a primeira golada, estalou a língua, segurou a ‘bichinha’ no céu da boca, engoliu e empacou.
– Tá difícil, mas vamos lá. Outro gole.
Repetiu o cerimonial, caprichou no bochecho, uns segundos a mais, e… nada.
…
O pessoal caiu na gargalhada, recolheu os trocados e resolveu acabar com a farsa.
– É água, Patito. Enchemos a garrafa de água para acabar com a sua prosa, entendeu?
E Patito, perplexo:
– Jura, então, isso que é água? É como diz o compadre Pereirão: vivendo e aprendendo.
…
…
O que você acha?