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Pensata

“Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo”.

(Álvaro Campos, heterônimo de Fernando Pessoa)

Permitam-me uma reflexão a partir do post de ontem: Lembrar Alexandre Vanucchi.

Uma pensata, como se dizia em priscas eras).

Dou o contexto:

Tínhamos então vinte, vinte e poucos anos…

(Alguns, nem isso.)

Mas trazíamos em nós (permitam-me a imodéstia), todos os sonhos do mundo.

Sonhos que abraçavam solidariamente a rua, a região, a cidade, o país, o mundo.

Falo dos garotos urbanos/suburbanos de bairros operários (como o meu Cambuci), subdistritos paulistanos e arredores.

Gostávamos dos Beatles, dos Rolling Stones, de Gil e Caetano, Chico e Milton, Elis e Paulinho da Viola, Erasmo e Roberto (que sempre fomos românticos), Ben Jor (então ainda Jorge Ben, que hoje completa 84 anos) e tantos outros e quetais. Que era amplo e farto o nosso embornal de poesia e canções e delicadezas.

Alguns sabiam de cor os versos de Fernando Pessoa:

“Tudo vale a pena.

Se a alma não é pequena”.

Lembro de um, o Valdir, que enfeitava nossos papos com citações de Drummond e Guimarães Rosa:

“Pão ou pães, questão de opiniães”.

Tudo tão presente. Tudo tão naturalmente fraterno e comum a todos.

Não sei se, com minhas generalizações, me faço entender.

Mas, foi assim, mais ou menos assim, que cheguei à USP em 1972.

Tinha 21 anos.

E lá, aos trancos, ameaças e barrancos, tomei conhecimento de garotos, como Alexandre, que corajosamente iam além dos sonhos, das canções e da literatura.

“Quem sabe faz a hora

Não espera acontecer”.

E assim…

Semeavam indomitamente o sonho que sonha junto.

Lutavam por um mundo mais justo, fraterno e igualitário.

Um bem melhor. Para todos.

Por isso quis lembrar Alexandre nas palavras de quem viveu aquele momento mais intensamente do que eu.

Por isso, retomo hoje o assunto, com o pregão ‘Lembrar para não Esquecer”.

Também porque, meus caros e raros, há que se estar atento.

Ainda hoje – e sobretudo hoje…

os déspotas – o Mal – sempre estão à espreita.

Ainda nenhum comentário.

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