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Piada vs. Informação

Faz alguns anos – três ou quatro.

Em meio a uma aula de Crítica da Mídia um dos alunos me perguntou:

— Se o professor estivesse editando um jornal que espaço daria para as imagens da Cicarelli e do namorado em uma praia na Espanha.

Minha resposta foi lacônica.

— Eu não daria.

Diante do muxoxo de desapontamento da turma fui obrigado a apresentar minhas credenciais:

— Meus caros, meu século acabou quando Frank Sinatra morreu. Os valores, a estética, os sentimentos e tudo mais o que abrangem. Sou do tempo em que o telefone era preto e a geladeira era branca. Havia o sim e o não, o certo e o errado…

A sala permaneceu em um silêncio desconfiado.

Continuei:

— A Cicarelli namorar em uma praia pode ser de interesse do público. Para satisfazer a curiosidade de uns, fomentar o disse-que-disse, a fofoca. Mas, não é notícia. Não trata do interesse público.

Encerrei o assunto como comecei:

— Por isso, eu não daria.

Não sei se os convenci de algo.

Não sei se eu mesmo me convenci do que disse.

A aula enveredou por outros temas menos polêmicos.

Mas, desde então, preocupa-me os rumos pelos quais envereda o jornalismo hoje – aliás, como escrevi por esses dias, “em tempos de You tube e CQC”.

Está tudo embaralhado. Enganoso. Covarde.

A piada vale mais do que a informação.

O caso da menina Geisy é outro exemplo.

De descontrole.

Ainda hoje repercute nos programas de TV e nos portais.

Ganhou uma dimensão estratosférica.

Ouriçou os ‘patrulheiros’ de plantão, ávidos por espalharem-se em suas verdades absolutas.

Não sei se a sociedade como um todo se fez melhor depois de soarem tantas trombetas ávidas por anunciar o certo, o justo e o verdadeiro.

Sinceramente, acredito que não.