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Quase meia-noite em Sampa

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Penso no que disse o amigo Poeta. 

Era uma conversa à toa enquanto caminhávamos para o estacionamento onde estava o carro do amigo. Aproveitei a oprtunidade para lhe pedir uma carona. Fim de um longo e extenuante dia de trabalho, terça gorda mesmo pós-Carnaval.

Estávamos meio jururus, confesso

Na caminhada, entre um silêncio e outro, o amigo sapecou a  frase:

– Reparou, cara, que a maior parte das pessoas com quem convivemos vive em estado de depressão ou bem próximo a este buraco?

Tomei um susto.

Que conversa é essa, meu?

Não disse nada. Só pensei.

II.

Às vezes, considero que o Poeta nasceu em época errada. Como naquele filme do Woody Allen, lembram? “Meia Noite em Paris”.

Então…

Ele parece querer viver em outra era. Já lhe disse – e ele sorriu – que é um existencialista contumaz.

– Quem dera pertencer ao grupo do Sartre, viver em Paris, então Cidade Luz, centro de todas as artes!

III.

Faz algum tempo que lhe falei sobre a semelhança e ele gostosamente respondeu embarcando inteiro no túnel do tempo.

Ontem só fiz menção de concordar com a cabeça ao mesmo tempo em que desfiava, em minha mente, o tanto de notícias ruins que recebemos nas últimas semanas.

Amigos comuns, conhecidos, amigos de amigos, uma pancada de gente a enfrentar algumas barras pesadas demais.

A gente ouve, finge que se conforma e segue em frente. Até o próximo baque

Desconfio que é a este contexto que se refere. Mas, não ouso tocar no assunto.

Ele também deixa a questão solta no ar.

IV.

Na despedida, desejamos, um ao outro, uma boa semana… Mesmo sabendo dos embaraços que o País atravessa, dos relacionamentos mornos, da sensação de fragilidade; essas tristezas todas que nos abatem quando não temos outra desculpa senão a de enfrentar a realidade.

Chego em casa, quase meia-noite,  pensando no que disse o amigo Poeta e – coincidência – recebo no whats, em um dos tantos grupos a que pertenço, o link de uma reportagem com a atriz Priscila Fantim:

“A depressão é a morte em vida”, diz a moça; jovem, bonita, saudável.

Ela enfrentou uma deprê desde 2008. Não sabe como entrou, mas custou muito a sair.

Saiu graças ao esporte, confessa.

V.

Fiquei cismado.

Será que o Poeta estava me dando alguma indireta?

Não ando lá muito animado, é bem verdade.

Mas, creia amigo, se for comigo, fique tranquilo, um bom remédio para a depressão é não abrir mão dos sonhos e da esperança sincera.

Como diz uma linda canção dos meus 20 e poucos anos, “viver é melhor que sonhar”.

Vivamos, pois …

 

*(foto: divulgação)

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