Há que se respeitar o sobrenome que se tem.
Concordam?
Por isso, hoje foi um dia daqueles para este modesto escriba.
Ainda não havia me recuperado da recente falseta que o primo Martinuccio aprontou com o Palmeiras, agora vejo, com o coração dilacerado, o que acontece na cidade de Martinópolis.
Explico.
O inoxidável prefeito da cidade – que felizmente não é parente, nem leva o mesmo sobrenome – proibiu os funcionários municipais de se pronunciarem publicamente sobre a falta de pagamento que já perdura algum tempo para alguns.
Ou seja.
O abnegado trabalha, não recebe – ou recebe com um baita atraso – e está proibido de reclamar.
O prefeito baixou decreto sobre o assunto.
E justificou:
É a crítica falta de verba da Prefeitura.
Não pega bem sair por aí espalhando esses horrores da pequena e progressiva cidade do interior paulista, provavelmente fundada – em tempos idos e vividos – por algum parentinho do qual nunca tive notícia.
Até porque, arrematou o prefeito pimpão, não são todos que padecem do tal estio salarial.
Como tem pouca grana disponível, a estóica Municipalidade resolveu acertar o pagamento de alguns funcionários. Para tanto, adotou o seguinte critério. Depositou o ‘dimdim’ do mês para determinados, obedecendo a ordem alfabética da folha de pagamento.
Só que na ordem inversa. Estão felizes os que têm o primeiro nome entre as letras Z e M.
Não estão claras as razões que inspiraram o financeiro da Prefeitura a seguir tão engenhoso plano.
Há quem acredita que os motivos são indecifráveis, como tantas e tamanhas coisas nesta vida.
A maioria da população e este modesto escriba – que, diga-se, nunca pisou em Martinópolis – acreditam, porém, que há sim uma razão: o nome do solerte alcaide.
Waldemir, o prefeito, ganha 11 mil por mês.