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Reencontro

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 Acordei com uma vontade de saber como eu ia

E como ia meu mundo 

Descobri que além de ser um anjo…

Eu tenho cinco inimigos…

Benjor

(…)

Manhã de sábado.

Tenho algum tempo para fazer o que venho planejando há algum tempo.

Desde junho de 2015 quando minha mãe morreu, não visito o bairro do Planalto em São Bernardo do Campo.

Não há um motivo precípuo, mas gostaria de dar umas voltas por lá. Andar pelo lugar,  ver o prédio onde Dona Yolanda morou por décadas e décadas, a janela em que se debruçava para ver o movimento da avenida Álvaro Guimarães…

(…)

Quem sabe não encontro algum conhecido daquele tempo?

E aí, talvez, conversaremos assuntos diversos que rememore tempos idos e vividos quando, ao menos eu, tinha lá sonhos lustrosos e o intento de ser feliz ao lado de tanta gente boa e querida.

Para muitos de nós, felicidade era degustar um pastelão saboroso e fumegante da rotisserie da Dona Olga.

(…)

Eita… Que miolo mole sou eu.

Mal reconheço o bairro assim que chego.

Está mudado.

A avenida tem um canteiro no meio das pistas.

A escola de inglês, que havia naquela quebrada, fechou.

No lugar do posto de gasolina, uma farmácia dessas bem modernas.

Pintaram o prédio de três andares de marrom com contornos cor de abóbora.

Ulalá… Que ousadia!

E a janela do primeiro andar está fechada, como o apartamento de sala e quarto ainda estivesse vago.

(…)

Não achei o Milton na barberia que existe desde o tempo que o Velho Aldo, meu pai, aparava o bigode religiosamente aos sábados pela manhã.

Me dizem também que o Vieira, o outro barbeiro, largou a profissão.

– Virou segurança, pode?

Não sei se pode ou não…

Cada um trata de si.

(…)

Penso em ir ao shoppinho.

Tem um sebo ali no lugar em que havia uma videolocadora.

– Vídeo, o quê? Tu é antigo aqui, hein, patrão?

Sabe nada, meu rapaz – respondo ao moleque falante que anuncia as promoções de uma loja de colchões e resolveu me interpelar.

O sebo está fechado.

Fico sabendo que a Dona Olga morreu.

Que triste!

(…)

Acho melhor abreviar a visita…

Passa uma moça, ali, do outro lado da calçada. Com uma bicicleta, envolta em flores.

Ela caminha de um jeito que eu pareço conhecer.

Será que…

Melhor, não.

Já tive muitas desilusões por hoje.

Pode ser uma miragem…

(Coisas que só se vê no Planalto)

 

 

(*foto: arquivo pessoal)

 

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