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Retratos do Brasil

01. A partir de hoje, está decretado o que se conhece por recesso branco na Câmara Federal e no Senado. Ou seja, até 8 de outubro, deputados e senadores abandonam as funções parlamentares para voltar às bases eleitorais e se empenham na caça aos votos para o pleito de 3 de outubro. A paradeira será de quase 30 dias — e o País que espere por novas leis e regulamentação. Aliás, foi o próprio líder do governo na Câmara, deputado Benito Gama (PFL-BA) que confessou à Imprensa nesta quarta-feira: a partir de agora, a palavra chave é: todos às bases.

02. Com esse expediente, os relatórios que analisam propostas de emendas constitucionais das reformas administrativa e tributária ficam esquecidos nos escaninhos das comissões especiais. Também a emenda constitucional da reforma previdenciária, já aprovada em dois turnos pela Câmara, aguarda nova data para ser condignamente apreciada pelos senhores senadores. Não seria preciso dizer, no entanto, acho oportuno ressaltar, que não haverá qualquer ônus no vencimento de nossos parlamentares, invariavelmente superior a 8 mil reais.

03. Os políticos, justiça seja feita, nada mais fazem do que repetir o exemplo de nossos governantes. Ainda, nesta semana, o presidente Fernando Henrique Cardoso veio a São Paulo prestigiar a assinatura de contrato para a construção de uma nova linha do Metrô que deve beneficiar os fundões da zona leste paulistana — uma área carente de melhoramentos públicos. A cerimônia contou com a participação do governador Mário Covas — em verdade, o responsável pela obra — e, no entender dos analistas políticos, pode render bons dividendos eleitorais ao candidato, José Serra, à Prefeitura de São Paulo. Os mesmos analistas asseguram que a opção Metrô foi a melhor resposta encontrada pelos articuladores tucanos ao sucesso do virtual fura-fila, proposto em ágeis clipes na TV pelo candidato do PPB, Celso Pitta, a quem o prefeito Paulo Maluf empenha-se ardorosamente em fazer seu sucessor.

04. Curiosamente, o pega eleitoral acirrou-se nas duas últimas semanas em São Paulo. Digo curiosamente porque se ignorou a vice-líder, ao menos até ontem, em todas as pesquisas, a petista Luiza Erundina. Um discreto avanço de Serra superando ao pedetista Francisco Rossi foi saudado pela mídia com um surto de otimismo e furor, no mínimo, estranho aos olhos do bom-senso. Mesmo com os institutos indicando Erundina e Pitta no segundo-turno ou mesmo a vitória definitiva do PPB já em 3 de outubro, os meios de comunicação insistiram em dar maior destaque ao candidato do presidente Fernando Henrique Cardoso, mesmo ocupando um discreto terceiro lugar.

05. Há quem veja nesse artifício a antecipação da contenda presidencial de 98. Reeleição é questão fechada para FHC assim como ser presidente do Brasil é a decana aspiração do prefeito Paulo Maluf. Um bom desempenho de seus candidatos, agora, certamente vai lhes aprumar o terreno da futura caminhada. O vale-tudo eleitoral pode nos confundir num primeiro momento — até porque as maravilhas anunciadas soam, muitas vezes, convincentes. No entanto, convém ficar atento. Por enquanto, vamos eleger o melhor prefeito para nossa São Paulo. Afinal, democracia é sinônimo de liberdade. Mas, vale-se principalmente da consciência daqueles que a exercitam.

NR: O sempre amigo Ismael Fernandes será homenageado, neste domingo, no tradicional encontro anual de corais, na igreja Nossa Senhora Aparecida (veja matéria na Última Página). Colunista de Gazeta do Ipiranga durante 22 anos, Ismael morreu no último dia 18 de abril e sempre foi um dos incentivadores do evento do maestro Salvatore Stabille e de todo tipo de manifestação cultural.

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