Foto: Reprodução
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Volto a São Bernardo do Campo – e retomo minhas (quase) diárias caminhadas.
No lugar do verde, dos pássaros e das montanhas da Serra da Bocaina, ando pela avenida Kennedy ladeado por carros, pacatos cidadãos (com e sem máscaras) e fachadas dos estabelecimentos comerciais.
Ríspida mudança de cenário.
Tanto lá como cá, que fazer?, logo me adapto às circunstâncias e sigo a passos miúdos e pensamentos dispersos que, por vezes, geram o tema das bobagens que lhes escrevo.
Hoje, por exemplo, topo com uma novidade, digamos, auspiciosa.
Numa das tantas e quantas lojas fechadas nesta pandemia, inauguraram – acreditem! – uma cafeteria/livraria.
Amigos, aplaudo a ousadia dos responsáveis.
Que bela iniciativa!
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Entro sorrateiro apenas para dar uma espiada.
Em outras épocas, já me aboletaria em uma das mesas, pediria um café e demoraria o tempo que fosse para repassar o estoque em exposição.
Hoje, em face às circunstâncias, entro só para olhar e ver.
Saio rapidinho e retomo minha solitária marcha.
Penso comigo:
“Não sei não… Quanto tempo dura um empreendimento desses?”
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Amo os livros.
Sou um leitor de mediano para bom – já li uns 20 títulos neste ano.
Já cometi até a imprudência de escrever meia-dúzia deles, e projeto outros tantos.
Gostaria de acreditar que…
Mas, de repente, me vem a voz daquele amigo que registrei num post dia desses:
“O mundo é digital, Rodolfão.”
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No tempo da velha redação, certa vez, correu a história de um colega de outro jornal, notável repórter, ótimo texto, que abandonou a profissão para montar um sebo na garagem da casa onde morava.
Um gesto de coragem, mas típico daquele meados dos anos 80.
O jornalista – escreveu Garcia Marques, num belo artigo – tem “a melhor profissão do mundo”.
Mas, digo eu, há dias – e não são poucos – que o bicho pega e bate um desalento, uma vontade de largar tudo e fazer qualquer outra coisa.
Tipo:
Vender coco na praia,
criar galinhas,
abrir um restaurante,
montar uma pousada no Nordeste…
Eis algumas expressões que ouvi de amigos meus, então, no auge do desencanto profissional.
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Alguns até tentaram.
Quase todos foram e voltaram para o lufa-lufa da redação.
“Jornalismo é uma cachaça”, dizia o Tonico Marques.
De minha parte, enfrentei meus fantasmas profissionais à minha maneira.
Escrevendo.
Vez ou outra, ei-los que ainda surgem a arrastar correntes e lamuriar sonhos que se perderam.
Faço de conta que não é comigo e continuo por aqui.
Sem eira, nem beira. Escrevendo.
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Aliás, por hoje, 29 de outubro -Dia Nacional do Livro – já escrevi demais.
Termino desejando vida longa e sucesso para a cafeteria/livraria e também para o sebo daquele jornalista conhecido, se é que ainda está de pé:
Os livros não mudam o mundo.
Quem muda o mundo são as pessoas.
Os livros mudam as pessoas.
(Mário Quintana)
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O que você acha?