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Um dos meus cinco ou seis leitores (3)

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Foto: L. Cunha

Antes de dar sequência às minhas investigações – vou lhes dizer que estão bem adiantadas e caminham para um desfecho, digamos, exitoso – dou conta hoje do pedido que me consta para que “produza” um brevíssimo texto “que servirá de prefácio em caso de uma futura, provável, remota e, ainda incerta publicação” das mesmas em livro.

Lembram?

Está no primeiro post da série. AQUI.

Então, rabisco abaixo o que pode vir a ser o tal prefácio.

E lhes ofereço à leitura em primeira mão.

(Lembro que este é o terceiro post. O segundo está AQUI para quem chegou agora.)

Um autor misterioso…

De onde veio?

 Quem é?

 Quantos anos ele tem?

Será que é originário destas ou de outras paragens de além fronteiras?

Sequer um pseudônimo deixou registrado na encomenda que me faz para escrevinhar algumas linhas como prefácio do caderno de poesias que ora recebo entre ensimesmado e curioso.

Diz apenas que é um dos meus cinco ou seis leitores.

Quanta honra!

Pelo capricho na letra, o asseio do caderno, o cuidado no fechamento do envelope e o mistério da entrega na portaria do prédio onde moro, sei que toda essa estratégia demanda alguém sensível. Tímido, talvez – mas um autor sensível que se apresenta, digamos, à uma primeira prova.  

Eu folheio o livreto – vamos chamá-lo assim – e vou me envolvendo nos alinhavos do poeta ou seria um pensador? Talvez frasista seja a definição que melhor se lhe encaixe.

Tanto faz.

A primeira impressão é a de que cultiva, solenemente, em versos a própria ‘sozinhez’ (termo criado pelo saudoso cronista Paulo Mendes Campos).

E mais.

Poeta, pensador, frasista.

Pode ser os três em um – todos, porém, empenhados em ir além das convenções, dos limites geográficos e fincado no cotidiano do amar e ser amado.

Faz-se, de livre e espontânea vontade, um cronista do seu tempo.

A propósito lembro-me, nostálgico, da voz de um amigo distante (por onde anda?) que, ao ler um dos meus textos na velha redação de piso assoalhado, disse convicto: entre a poesia e a crônica, há um limite bem tênue quase imperceptível.

“São diálogos de almas afins.”

Talvez seja esta a razão da minha imediata empatia com o que tenho em mãos e o desconhecido autor.

Lá pelas tantas folhas, ele próprio indaga sua condição de moderno, pós-moderno ou contemporâneo – e conclui à la Raulzito em ‘Metamorfose Ambulante’:

“Sou tudo isso, e mais o que possa parecer”.

Alguém há de perguntar:

Ainda existem pessoas assim?

E eu lhes direi, ora ouvir estrelas:

Claro que sim. São os sensíveis, os que amam, desamam, choram, riem, trabalham, divertem-se, encaram a tarefa de ser pai-mãe-filho-irmão-amigo… Que constroem e desconstroem. Que compõem e recompõem sem perder a ternura mesmo diante da complexidade tecnológica, das violências todas que enfrentamos, da montanha-russa chamada vida e, vá lá, dos saltos e sobressaltos do capitalismo.

Suas frases/poemas ou os poemas/frases são de rasgada identificação para cada um de nós. Provocam, confortam, estimulam assim como nos encantam os voos das borboletas. Imprevisíveis! Bem apropriados até para o uso nas redes sociais.

Que tal tuitar a levada de hoje?

“A vida quando não melhora; pelo menos, despiora”.

Ou o amigo-leitor prefere aquela:

“Olhai os delírios dos campos.”

Eu acrescentaria:

“E das cidades!”

São reflexões cabíveis a mim, a você…

… A todos que ousam acreditar no sonho que se sonha junto e se faz realidade.

Tomara que possa cumprir a sina dos autores publicados e lidos – é o que lhe desejo. Amém!

Nota do Redator – Vou imprimir este texto, juntá-lo ao caderno, envelopá-lo e deixar na portaria. Para eventual retirada do misterioso autor. Quem sabe um dia eu não o encontro, editado e publicado, numa livraria da vida?

 

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