XII.
Embicávamos a vitória final com a FHC presidente?
Aproveito a pergunta para oportunizar (gostaram do termo?) que as expectativas eram muitas, grandiosas.
Na Universidade de São Paulo, nos tempos do curso de jornalismo na Escola de comunicações e Artes, em plenos anos 70, quando a ditadura e a repressão se faziam mais intensas, o nome do sociólogo Fernando Henrique Cardoso, então no exílio, frequentava o panteão da intelectualidade nativa. Tê-lo como presidente, ainda que, vá lá, 20 anos depois, era uma miragem. Entendia-se então que o país estaria com um pé na contemporaneidade. A um passo da conclamada justiça social.
Era o que, diziam, ele prometia em seus livros e ensaios acadêmicos.
Era uma tese ingênua, creio. Como veremos a seguir.
XIII.
O neoliberalismo logo se fez a pedra de toque do seu governo, de oito anos.
O príncipe dos sociólogos não nos polpou de quaisquer dos procedimentos econômicos inerentes ao sistema. Inclusive a flagrante subserviência aos ditames do Fundo Monetário Internacional.
Houve a estabilidade da moeda, sim. Conquistas democráticas, também. Mas o salário ó…
O mínimo, quando muito, bateu em 100 dólares. Quem se lembra?
Ao longo desse período, a taxa de desemprego acumulado chegou a 38 por cento.
Ô memória fraca, os “fiespinos” têm…
XIV.
E, dá-lhe!, as privatizações…
No bojo de todo esse arsenal de maldades com o povão…
(Um pirulito para quem se recorda de FHC chamando os aposentados de ‘vagabundos’).
Enfim…
No bojo dessas maldades, um pipocar de escândalos: o da compra de votos para a reeleição, o da pasta cor de rosa, o das Ilhas Caymann, o das privatizações, a denúncia do jornalista Paulo Francis sobre as mazelas da Petrobras, entre outros.
Tudo (in)devidamente varrido para debaixo do tapete, com a leniência dos jornalões, resvistosas e telejornais, e o olhar morno da Polícia Federal.
Dizia-se à época que tínhamos um Engavetador Geral da República.
XV.
FHC sai em baixa do governo.
Despedaçou-se assim o projeto do PSDB de ficar ao menos 20 anos no Poder.
Vou-lhes ser sincero.
Tinha uma coluna semanal. Critiquei pra caramba o Governo FHC (essas crônicas estão reunidas no ebook ‘Das Coisas Simples, Sensatas e Sinceras”, quem quiser conferir…).
Mesmo assim, meus caros cinco ou seis fiéis leitores (se é que ainda estejam por aí), a impressão é de que caminhávamos, seguíamos em frente.
Havia o projeto de dias melhores.
*Deixo para amanhã, 1º de maio, o governo Lula, o primeiro trabalhador a chegar à Presidência do País.A pergunta continua: Vencemos?