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Vencemos? (2)

IX.

Antes de continuar meu relato pretensamente histórico, creio ser importante esclarecer sobre os tais Donos do Poder.

Lá nos anos 70 nós os chamávamos de Sistema. Tudo era culpa do dito-cujo.

Nossas encrencas passavam pelos seus desígnios, inclusive a mão pesada da ditadura militar em que estávamos metidos.

Mas, quem são esses predadores, afinal?

Tento dissipar o enigma, ainda que sumariamente.

São os que se curvam aos interesses internacionais, mais precisamente aos ditames norte-americanos na diplomacia.

Os que se dobram ao deus mercado e ao voraz apetite dos senhores da FIESP em detrimento aos programas sociais. Os rentistas. Os que se insurgem pela precarização das leis trabalhistas. E, sobretudo, os que promovem loteamento dos bens nativos, a começar pelo pré-sal, fonte de interesse e cobiça do oligopólio de empresas americanas.

X.

Isto posto, seguimos o relato.

Passo seguinte. Itamar Franco, o sucessor de Collor.

Tido e havido como um simplório, soube tocar um recheada agenda de avanços democráticos e, mesmo com seus percalços carnavalescos (quem se lembra?), foi hábil na escolha das prioridades: a estabilização da moeda e o combate à inflação.

Houve, a partir daí, nítidos reflexos no campo social.

XI.

Um capítulo à parte, a nomeação de Fernando Henrique Cardoso como ministro da Fazenda.

FHC sucedeu Rubem Ricúpero, o mentor desses avanços econômicos, o paizão do Plano Real.

Ricúpero pediu demissão após uma entrevista ao jornalista Carlos Monforte, então na TV Globo. Antes do noticioso começar, ministro e jornalista conversavam informalmente.

O então ministro foi de uma sinceridade demolidora:

“No governo é assim, a gente divulga as coisas boas e escondem as que são ruins”.

Não me perguntem como. Não sei lhes dizer. Os microfones estavam ligados em uma frequência UHF e o áudio vazou – e logo chegou ao conhecimento do público.

Resultado: o Plano Real no colo – “de grátis”, como diz meu sobrinho neto – de FHC, desde então postulante à cadeira de presidente da República.

*Amanhã continuo (e concluo, juro)…