Sei não…
Desconfio que amanhã, nos funerais de Zé Rodrix, os amigos do cantor/compositor vão entoar os versos dolentes de “Casa no Campo”, clássico que a interpretação definitiva de Elis consagrou.
A tristeza se fará canção e anunciará a saudade que, inevitável, logo já se instalou no coração de todos que o conheceram ou ouviram/viveram suas músicas.
Será, creio, uma justa homenagem.
II.
“Casa no Campo” foi o grande momento da carreira do carioca José Rodrigues Trindade, fundador do rock rural, ao lado dos amigos e parceiros Sá e Guarabyra.
Um criador que se auto-exilou da MPB no dia em que Elis morreu (19 de janeiro 1982).
“Foi a gota d’água. Eu já andava cansado de como as coisas vinham acontecendo na música popular. Do marketing e das pressões comerciais que sobrepunham a arte”, disse, meses atrás, num depoimento à Rádio Metodista Web.
III.
Zé Rodrix migrou, então, para a publicidade.
Foi fazer trilhas e jingles no Estúdio da Voz, de sua propriedade.
Escreveu livros, brincou de viver.
Permitiu-se o tal tempo da delicadeza, e reflexão que todos os que lutam o bom combate merecem.
IV.
A música, claro, continuou presente.
Não parou de compor e, vira e mexe, era possível encontrá-lo dando uma canja pelas noites de Sampa.
V.
Voltou a cantar profissionalmente quando reencontrou os parceiros Sá e Guarabyra.
Vi alguns shows do trio.
Era o que mais se divertia no palco.
Me pareceu feliz, em paz consigo mesmo.
VI.
Fiquei com a impressão de que havia alcançado a plenitude que todos os artistas – e os sensíveis – tanto almejam…
FOTO no BLOG: Mônica Rodrigues