Uma das tantas histórias que constam do folclore de Wilson Simonal.
É possível até que não tenha acontecido, mas mostra o Simonal que nem todos conheceram.
II.
Ele já era um nome importante da MPB. Emplacara dois ou três sucessos brejeiros – “Lobo Bobo”, “Garota Moderna”, “Vesti Azul”, entre outros. Mas, ainda não era conhecido do grande público. O sucesso que fazia em São Paulo, na TV Record, não chegava tão fortemente ao Rio de Janeiro, cidade de origem do cantor.
Talvez por isso o distinto casal, que morava no belíssimo prédio à beira-mar numa das praias tops da cidade maravilhosa, estranhou aquele negro desconhecido à espera do elevador social.
Simona acabara de comprar a cobertura – e, nem chegara a se apresentar, quando ouviu o comentário:
— Eles estão perdendo a noção do lugar que lhes cabe, disse a senhora.
E o marido arrematou, dirigindo-se ao cantor:
— O elevador de serviço é do outro lado. Por favor…
III.
Simonal não baixou a guarda, nem a cabeça. Tascou alguns impropérios mais do que justos (que ele não era de levar desaforos para casa, especialmente para a casa nova) e só depois lhes informou da sua condição de proprietário do mais valioso apartamento do local.
Fez mais.
IV.
A partir desse dia, assim que chegava à garagem do prédio, trocava de roupa. Só caminhava em direção ao elevador social depois de trajar um bem cortado smoking.
* Outras histórias, a vida, a obra, as polêmicas, o grande artista que foi Wilson Simonal está em cartaz a partir de hoje nos cinemas, com o documentário “SIMONAL. Ninguém sabe o duro que dei”, de Cláudio Manoel, Micael Langer e Calvito Leal.
