Sentia-se uma ilha perdida naquele mar de empolgação que viroua Velha Redação de piso assoalhado e grandes janelões que davam para a rua Bom Pastor, no Ipiranga.
Era tempo de Copa do Mundo.
O ano?
1982.
O futebol imperava como o assunto de todas as conversas.
Telê, o mestre.
Zico, Sócrates, Falcão, Cerezzo, Júnior & Cia.
Só boleiros de fina estirpe a encantar o mundo, todos comentavam.
Mas, havia também Paulo Izidoro, Serginho Chulapa, Dirceuzinho…
Ai, ai, ai…
O que é que estaria acontecendo?
Só ele via isso?
Nunca primou por ser contra tudo e contra todos.
Por que estava assim agora?
Não conseguia compactuar de tamanho clamor.
E veio a Rússia – e o Brasil ganhou de virada. 2×1
Ele viu dois pênaltis a favor dos gringos quando o jogo estava um a zero para os comunas.
E vieram as goleadas diante da Escócia e da Nova Zelândia. 4×0 e 4×1, respectivamente. Zico deitou e rolou…
A trilha sonora da redação era uma só:
“Voa Canarinho Voa…”
Só ele a destoar:
— Gente, ganhar da Nova Zelândia não conta…
Ninguém lhe ouviu.
Riram ainda mais da observação quando o Brasil venceu a Argentina. 3×1.
Já se considerava um estraga prazer, por isso nem lembrou a todos que o jovem e talentoso Maradona fora expulso bobamente.
Enfim, veio o jogo contra Itália de Paolo Rossi e outros cinturas-duras.
E foi aquela tragédia.
Menos para ele.
Não ficou triste, nem feliz.
Foi discretamente ao ‘caixa’ .
Ganhou sozinho a dinheirama do bolão.
** FOTO NO BLOG: Lucas Lima