Foto: Redes Sociais
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“É mentira, claro, música nenhuma tem o poder de parar uma guerra, mas o anúncio de que o baú dos Beatles vai ser aberto outra vez e de lá sairá uma balada, “a última”, de Lennon e McCartney, dá esperança de que alguma coisa se move no sentido da beleza e dos bons propósitos. São as armas da arte, um novo campo de morango que se abre para uma existência mais suportável.”
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Lá do outro lado do Atlântico, das terrinhas portuguesas, o amigo Geraldo me envia a crônica do Joaquim Ferreira dos Santos, publicada, ainda ontem, em O Globo, com o sugestivo título:
O Beatles vão parar a guerra.
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Geraldo é um querido amigo_colega dos tempos da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, Mora em Lisboa e teve a gentileza de lembrar-se de mim ao ler o belíssimo texto do jornalista carioca.
Que, desconfio, fala por todos da nossa geração diante das tristezas que ora vivemos e do inusitado acontecimento.
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Recorto e colo outro trecho:
“Desde a semana passada, quando a gravadora anunciou que uma fita esquecida, “Now and then”, havia sido encontrada por Yoko Ono e trabalhada em estúdio pelos Beatles sobreviventes, montei a barraca de camping na porta do Spotify. Estou lá desde então. Exposto ao frio, ao sereno e às más notícias, mantenho a vida em suspenso para ser o primeiro a ter os tímpanos embalados pelo armistício da música dos grandes artistas. Aprendi com eles, e judeus e palestinos deviam ouvir também: a vida é curta, não há tempo para brigas e futricas.”
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Paro por aqui para que não se configure um descarado plágio.
Mas, é por aí mesmo:
“A vida é curta, não há tempo para brigas e futricas.”
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Da minha parte, e sem o mesmo talento, lhes digo que também pensava em o que escrever sobre o assunto.
Olhem minha ousadia!
Desisti a tempo.
Está tudo dito nas saborosas palavras do grande repórter, corroboradas pelo gesto de amizade do Gera.
(Um abraço para a esposa, também da nossa turma da ECA, a Cidinha!)
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Ainda me chamavam de Tchinim quando ouvi os Beatles pela primeira vez.
O que foi aquilo?
Que som era aquele?
Tinha lá meus 12 anos e fazia parte de uma turma de moleques remediados que vagava pelas ruas do bairro operário do Cambuci e se identificou, de imediato, com os quatro cabeludos de Liverpool,
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Desde então, creio, os garotos ingleses mudaram a cara do mundo.
Indiscutível. Os tais reis do iê-iê-iê foram os responsáveis pela trilha sonora de toda nossa geração, além de influenciar decisivamente as que vieram depois.
Foram – são – sinônimos de liberdade.
Sem qualquer pretensão a tratados sociológicos, ouso lhes dizer que foi a primeira vez que os jovens puderam se assumir como jovens, e se mostraram – para espanto dos velhinhos de então – que estavam a fim de mudar o mundo.
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Tentar bem que tentamos.
Se não deu certo ainda, não foi por falta de trilha sonora:
All you need is love!
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Sempre que me perguntam sobre os Beatles, eu deixo aflorar meu lado mais bizarro.
Lembro que, além das lindíssimas e inesquecíveis canções, a decisiva contribuição que deram para a minha vida foi a consagração da franjinha e do cabelo cumprido como penteado oficial da turma jovem.
Estabeleceram, assim, o fim da ditadura do topete à la Elvis.
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Para mim, foi ótimo.
Por mais que tentasse empinar os cabelos, com brilhantina, gumex e congêneres, eram vãs minhas tentativas.
Bastava uma simples brisa para por jogar abaixo meus esforços estéticos. E lá estava eu com o cabelo sobre os olhos – nos bons tempos em que eu tinha cabelo.
Ô saudades…
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*ENQUANTO NÃO CHEGA A NOVA CANÇÃO, fiquem com a minha música dos Beatles que mais gosto.
*Quem for assinante de O Globo, clique AQUI para ler a íntegra da crônica do Joaquim Ferreira do Santos. Vale a pena!
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O que você acha?