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Antônio Ermírio de Moraes (1928/2014)

Antônio Ermírio de Moraes tinha 58 anos quando, em 1986, contrariou as próprias convicções para se candidatar ao governo do Estado de São Paulo. Era um ‘capitão de empresas’ bem-sucedido, respeitado nas diversas esferas da sociedade, nunca havia imaginado se lançar em tamanha aventura. Apareceu como uma terceira via aos favoritos de então, os controversos Paulo Maluf e Orestes Quércia.

O País havia recuperado as liberdades democráticas há pouco mais de ano. Ainda gatinhava no novo estado de direito – e as circunstâncias do jogo político não eram necessariamente claras. Em 1985, por exemplo, as urnas jogaram a administração da principal cidade brasileira, São Paulo, nas mãos incautas de Jânio Quadros, um nome ligado às sombras do passado que os chamados progressistas queriam ver cada vez mais distantes.

Foi uma disputa renhida Não havia segundo turno e Orestes Quércia (PMDB) venceu com algo em torno de 40 por cento dos votos. Ermírio de Moraes (PTB) ficou com 26 e Maluf (PDS) com 19 por cento. Suplicy foi o candidato do PT e acabou com 11 por cento dos votos.

É certo que a poderosa máquina partidária do PMDB foi decisiva na vitória.

Outro ponto favorável foi a maior vivência política de Quércia. Já o empresário saiu decepcionado da experiência vivida. Numa célebre entrevista, garantiu que não mais se arriscaria numa empreitada eleitoral. A experiência foi, digamos (não lembro o termo que ele usou), traumática e sapecou a frase emblemática:

– A política é o maior de todos os teatros.

A constatação não era em nada elogiosa. Ao contrário. Aos próximos, ele dizia que tudo o que considerava ético fazer como empresário em política estava errado. Valiam os acertos, os conchavos, as traições; enfim, o vale-tudo para conseguir se eleger.

Ele, um dos raros empresários que se opôs à ditadura, não pactuava com esse modus operandi. Tanto que se afastou da vida pública e voltou para o comando da Votorantim e para a presidência da Beneficência Portuguesa. Também escreveu peças teatrais que retratavam o cotidiano de um empresário em um país assolado por mutretas.

– É minha forma de desabafar, dizia.