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As guerras e a Era de Aquarius

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Atores e atrizes numa das tantas adaptações brasileiras do musical Hair/Divulgação

“Para uma boa guerra é preciso um motivo, que nem precisa ser bom. Qualquer um serve.”

Lembro a frase do jornalista e escritor Carlos Heitor Cony (1926/2018) numa das memoráveis crônicas que, por décadas, escreveu na página 2 do jornal Folha de S. Paulo.

(Eu as colecionava em pastas, datadas ano a ano.)

Anotei o pensamento não sei a qual propósito num dos bloquinhos de notas, daqueles que usava nos meus tempos de repórter.

Encontrei o dito caderninho em meio a uns trecos e cacarecos que guardei por guardar no fundão de um armário do escritório.

Nada, nada, Cony versou sobre o tema – e lá se vão uns 20 e tantos anos.

Não há dúvida de que a definição do jornalista ainda se faz bem atual.

Meus bem-informados cinco ou seis leitores que o digam.

Sabem mais do que eu, certamente.

Desconfio que estão mais atentos ao notíciário que este desalentado escrevinhador.

Explico meu desalento.

Vejo o sem_fim do conflito entre Rússia e Ucrânia,

a tensão cada vez maior no Oriente Médio a partir das dissenções de Israel e o Hamas e a definitiva entrada do Irã na estúpida contenda,

a inevitável ameaça de a guerra se espalhar por outros países da região, com consequências alarmantes para todo o planeta,

a tibieza dos organismos diplomáticos internacionais para firmar o cessar-fogo mais do que necessário.

E, por fim, mas não menos importante:

o papel vergonhoso das superpotências a jogar com os próprios interesses diante da gravidade da situação.

Não me atrevo a frases definitivas como a do notável Cony.

Não sou provido com o dom das metáforas, licenças poéticas e de coisas no gênero.

Escrevo o que me vai n’alma. É mais um desabafo do que um registro jornalístico.

Espero que os amigos entendam meu ceticismo.

Não vejo qualquer solução a curto ou médio prazos

A Paz entre os povos continua tão distante quanto a tal Era de Aquarius que almejávamos – e celebrávamos no célebre musical Hair.

Idos dos anos 70, imaginávamos tolamente a tal Era e nossos sonhos trariam o fim de todos os males da Humanidade. A tal sociedade justa e igualitária. Sem a exploração do homem pelo próprio homem.

Era a linda utopia de uma geração – a dos roqueiros, groupies, hippies e afins.

O tempo que não para no porto, não apita na curva e não espera ninguém nos traz a hostil realidade.

Penso, sem grande convicção, que a utopia permanece ali no horizonte, meus caros.

Seria oportuno não perdê-la de vista.

Mesmo que a sensação seja a de que a Humanidade esteja, a passos largos e vigorosamente, andando para trás.

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