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Deixem o Messi em paz

Foto: Fifa

Meus amigos, minhas amigas…

Valho-me da frase do grande Rubem Braga (1913/1990) para tocar a crônica de hoje.

“A verdade não é o tempo que passa. A verdade é o instante”.

Não sei se acontece o mesmo com vocês.

Mas, eu lamento e desconsidero a falaciosa comparação entre jogadores de épocas distintas.

Conversinha à toa.

Nada a ver.

Na iminência de a Argentina conquistar mais um título mundial, volta com tudo o “quem é melhor” – Messi ou Maradona?

Dou minha sincera opinião,

Deixem o Messi em paz, rapaziada dos programas esportivos.

Deixem o camisa 10 jogar o jogo da vida sem outras atazanamentos.

Basta aqueles que o moço já traz consigo desde sempre – por ter imigrado ainda garoto para a Espanha, ter se tornado o melhor boleiro do planeta neste complicado Terceiro Milênio e, até por isso, ser duramente criticado por não ser tão vitorioso com o manto da seleção como foi no Barcelona e agora no PSG.

Talquei. Melhorou um tanto essa sina depois que o gajo conquistou a Copa América, ano passado, em pleno Maracanã, em cima do escrete brasileiro.

Mas, basta um vacilo do moço, como aconteceu na derrota da Argentina contra a Arábia Saudita no primeiro jogo da Copa do Qatar, para reacenderem os murmúrios da banda dos descontentes,

Amigos, amigas…

Ganhando ou perdendo o último jogo de Copa do Mundo da sua incrível carreira, Messi terá o tamanho, a dimensão, o espaço que Messi merece ocupar no panteão dos craques eternos.

Temos mais que aplaudir e reverenciar.

Não há como compará-lo com Maradona, por exemplo.

Simplesmente porque não cabe comparação.

Os tempos são outros.

O mundo é outro.

O futebol é outro.

(Nem melhor, nem pior, apenas diferente.)

São personalidades distintas, estilos de vida quase antagônicos.

E mais.

O esporte mais popular do mundo explode, em magia e encantamento, no olhar e no coração de quem vive o exato momento em que o extraordinário acontece….

O drible.

O gol.

A conquista.

A glória (ainda que fugaz) nos gramados.

No instante seguinte e, posteriormente com o despencar da areia na ampulheta do tempo, o fato em si entra para o capítulo das memórias, das narrativas (nem sempre precisas), da interpretação de cada um.

É muito pessoal, subjetivo, sem métrica, nem lógica.

Você compararia Zico a Rivaldo, por exemplo?

Quem foi mais efetivo em participações na seleção brasileira em copas?

Nem ouso responder.

Pois então…

É da natureza humana almejar o privilégio de ser testemunha ocular da história.

Bem a propósito, o que mais ouço nas transmissões esportivas nesses dias de Mundial é o uso desacanhado do termo “histórico”.

Foi histórico o vexame da seleção de Tite.

Histórica a campanha de Marrocos.

O gol do Messi foi histórico.

A Copa do Mundo no meio do nada também foi histórica?

Etc etc etc.

Termino até porque já me alonguei além do planejado.

Tudo é histórico, meus carros.

Até porque, queridos leitores, viver, sim, é um feito histórico.

Acordar a cada manhã e ser o que se é… – eis o desafio.

Ainda nenhum comentário.

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