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Heliópolis e Febem. Uma questão de cidadania

"Não se viam as plantas cobertas pela neve. E o agricultor, dono do campo, comentou jovialmente: Agora estão crescendo para dentro. — Pensei em ti, na tua forçosa inatividade… — E … diz-me uma coisa: também cresces para dentro?" (Josemaría Escrivã)

01. Alguns leitores dizem-se surpresos com o tom de nossas conversas de toda sexta-feira neste espaço. Estranham sobretudo o tom pessoal dos textos e de como acontecimentos, por vezes, aparentemente distantes podem estar ligados ao cotidiano de cada um de nós, embora sempre imaginamos estar isentos tanto das tragédias (e aqui é bom socar três vezes a madeira) como do verdadeiro amor. As primeiras, a gente acha que só acontecem para os outros. O amor, bem o amor é coisa de novela, de filme americano, como esse tocante Nothing Hill que ainda perambula pelas telas da cidade…

02. Nesta semana, quem vive no Grande Ipiranga pôde constatar que as coisas não são bem assim. Tida e havida como uma das regiões mais tranqüilas e pacatas da cidade, nossa área andou no topo dos noticiários policiais por dois trágicos episódios — a chacina e a tensão em Heliópolis e o horror da rebelião da Febem Imigrantes. A violência urbana que víamos pelos programas de TV localizadas na Favela Naval em Diadema, no Jardim Ângela, nos confins da Zona Leste está por aqui, nos ronda e assusta…

03. Na verdade, esse clima não chega a ser uma novidade. Aí está o número crescente das ocorrências policiais (principalmente roubos e furtos de automóveis) na região a comprovar o que, talvez por conveniência e comodismo, teimávamos em não querer ver. Aliás, um comportameto muito próximo ao de nossas autoridades que, em todos os escalões e com maior responsabilidade, insistem em fechar os olhos, em não ver o óbvio: o conglomerado tucano/pefelista miserabilizou o País e as conseqüências revelam-se, a cada dia, mais cruéis para a Nação.

04. Episódios como os desta semana deixam em evidência a ponta de um iceberg de problemas sociais, prestes a provocar uma catástrofe sem precedentes em nossa História. E nem vale a pena contar com a intervenção de nossos governantes. Basta ver a perplexidade do governador Mário Covas e sua reação destemperada diante dos repórteres que o pressionavam sobre a tragédia da Febem e as revoltas em unidades de todo o Estado. O Governo não tem controle da situação. Uma situação que já se anunciava gravíssima há anos…

05. Por isso, por essa desilusão com aqueles que nada fazem por nós, é que o tom do Caro Leitor passou para o pessoal. Insisto em reverberar o conceito de cidadania e, de alguma forma, intervir diretamente na realidade que nos cerca. Para aqueles que detém o Poder (e seja em que instância for), o ideal é manter a situação atual que os privilegia. Para quem almeja a mudança — aqueles que acreditam que a felicidade é um direito de todos –, não resta alternativa senão arregaçar as mangas e começar a trabalhar por uma vida melhor. Aí teremos o "happy end" que o povo brasileiro merece…

06. Quanto ao amor verdadeiro, aquele que a gente nunca esquece, que ele existe, existe… Mas, deixemos como tema de uma próxima coluna. Essa é a única espera que vale a pena. Sempre.