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O ator que inspirou o romance perdido

Morreu o ator Rubem de Falco, o célebre vilão da primeira – e mais bem sucedida – versão da novela Escrava Isaura. Foi de uma entrevista sua que tirei a idéia de um romance que escrevi – e nunca foi publicado. À época da novela O Rei do Gado, Rubem queixou-se do esquecimento a que eram relegados os atores de 60 anos ou mais. Citou o exemplo de que o protagonista da novela das oito era Antônio Fagundes, então com 48 anos, envelhecido à base de maquiagem.

Parece que alguma coisa mudou na novela brasileira. Se olharmos hoje a principal novela da Globo, Duas Caras, veremos que os principais papéis estão mesmo nas mãos do pessoal nos arredores 6.0. A saber: José Wilcker, Suzana Vieira, Renata Sorrah, Stênio Garcia, entre outros. Além, óbvio, do próprio Fagundes que está chegando lá e, na trama, tem um romance com a moça mais bonita da novela, Flávia Alessandra.

Lembro que a declaração de Rubem me tocou tão profundamente – e eu andava pela inesquecível casa dos 40 – que projetei um romance sobre um ator que vai viver isolado num canto do mundo porque desacreditou de tudo e de todos. Me inspirei também no belíssimo filme O Carteiro e O Poeta, que trata de um imaginário exílio do poeta Pablo Neruda, e na atitude do ator Walmor Chagas, que morou, por uns tempos, no meio da Serra da Mantiqueira.

Ah! Os cenários da pequena São José do Barreiro, onde passava férias no verão de 1998, também foram fundamentais para o desafio.

Já lhes falei aqui sobre o que aconteceu com “a obra”.

Mas, volto a dizê-lo.

Escrevi no compartimento secreto do laptop. Claro, um trabalho de tamanha magnitude (sic) não poderia ficar assim exposto à eventual consulta de incautos. Em três semanas, tinha o texto pronto.

Voltei à São Paulo e a roda-viva me atropelou.

Esqueci o romance e – que cabeça! – a senha do tal compartimento secreto.

Um dia quebrou o HD do computador.

E eu lamentei óbvio. Mas, sequer lembrei-me do texto.

Só no ano passado, quando dava uma incerta nas gavetas lá de casa, achei dois capítulos do dito-cujo. Inclusive cheguei a postá-los aqui:

• O Ator em 15.03.2007

• Lucilanda e Berto em 03.11.2007

Claro que fique bolado com a perda. Mas, não perdi a esperança de reescrevê-lo.

Acho mesmo que, se tivesse coragem, começaria amanhã mesmo. Seria uma modesta homenagem em memória de Rubem de Falco.

Mas, há outro motivo.

Logo, logo, em dezembro de 2010, quem bate na casa dos 60 sou eu. Aí, irão dizer que estou romanceando em causa própria…